sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Carrega Fabinho..."


Na passada segunda-feira o Benfica voltou a vencer e a, mais que convencer, encantar os afectos ao clube. 6-1 foi o resultado final, frente à quarta melhor equipa do campeonato passado e a uma das quatro integrantes do panorama europeu português.
A equipa voltou a apresentar um futebol atraente, com muito jogo ofensivo e coordenação entre as peças principais do xadrez de Jorge Jesus.

Como de costume, o resultado, na primeira parte, foi modesto: 2-1 (algo que serviria para a satisfação dos adeptos benfiquistas em outros tempos). Mas o Benfica, seguindo a tendência dos últimos jogos, entrou em força, e passada uma hora de jogo os golos marcados já haviam duplicado, ficando a meia hora final preenchida com mais dois tentos.
O ânimo para o jogo era o mesmo dos últimos (grande expectativa, e confiança numa vitória), mesmo pesando o facto de encontrar-se uma equipa, por norma, organizada na defesa e com soluções atacantes eficazes. No entanto, a notícia da lesão de César Peixoto caiu um bocado mal na confiança, surgindo a dúvida sobre a capacidade defensiva do seu substituto, Fábio Coentrão (independentemente da moral e forma apresentadas pelo novo puto maravilha).

Manuel Machado, como seria de esperar, apostou no corte das linhas laterais para prevenir o perigo do incansável Ramires e o creativo Di Maria. E foi isso que "tramou" o Benfica nos primeiros instantes. No entanto, a decisão de Jesus em colocar o improvisado lateral esquerdo Fábio Coentrão trouxe de volta a mística recente dos encarnados e, ao colocar duas lanças apontadas ao ataque no lado esquerdo, desequilibrou e baralhou as contas dos madeirenses e, na minha opinião, foi essa a chave do jogo: no primeiro golo, Patacas (lateral direito do Nacional) ficou com Di Maria e esqueceu-se de Coentrão que fugiu e assistiu Cardozo para "matar"; no segundo, ninguém contava com um "canto indirecto", o que baralhou as marcações e permitiu o puto-maravilha assistir Saviola para o re-estabelecimento da desigualdade no marcador. Esses são lances capitais, a meu ver, e Coentrão revelou-se decisivo (o homem do jogo, a par do "hat-tricker" Cardozo).

O próximo jogo é em Braga, um dos jogos mais difíceis da Liga e que mais responsabilidade exige da equipa. Jesus pretende colocar Coentrão à esquerda, novamente... mas será que irá ter o mesmo êxito? Eu dou o benefício da dúvida, mas não sei se será a melhor solução: relembro-vos que o golo sofrido contra o Nacional teve parte da responsabilidade do improvisado lateral esquerdo; relembro-vos, também, que a eficácia atacante com um membro extra no lado esquerdo do ataque já é conhecida e que esta encontra pela frente a melhor defesa do campeonato (o Nacional, antes do jogo com o Benfica, e com um jogo a menos, tinha o dobro dos sofridos do actual co-líder, Sp. Braga); relembro-vos, porque também é necessário, do caudal ofensivo atrevido da equipa orientada por Domingos que já causou estragos a Porto e Sporting... Coentrão irá ter pela frente um dos alas em melhor forma em todo o campeonato (Alan).

Cautela e prudência nas euforias... a missão não se afigura fácil.


P.S.: "um vintém é um vintém, um cretino é um cretino" disse Manuel Machado em relação aos quatro dedos que Jesus, alegadamente, usou para o provocar. Compreendo a frustração de um perdedor para o seu maior inimigo, mas reprovo quem defendeu o treinador do Nacional com arrogância do opositor: "Não é possível, com bacalhau, cozinhar lagosta" não são propriamente palavras de gente humilde.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Melody A.M." UTA*


Os agridoces 16 anos acabavam de chegar, e eu, com tanto alarido e tanta história fantástica sobre este número, nem sabia o que fazer com ele. Era algo estranho, na altura, mas sabia que qualquer coisa de fantástica se passaria, e o Verão criaria condições para isso. Tinha uma namoradita na altura, boa rapariga, mas cujo namoro (sem que ambos fossemos culpados, mas inteiramente responsáveis... mais eu do que ela, é verdade) não perdurou por eternidades adolescentes... enfim, creio que nos fartámos. Mais eu, é verdade. Sentia que agora, com 16 (a tal idade), estava na altura de pôr de parte sentimentalismos, lamechices e outras coisas mais (nomeada e lamentavelmente a moral)... fazer-me à vida!
Fiz-me, tentei virar a minha vida do avesso só para ver no que dava e criei situações que até então me pareciam impossíveis (só pela diversão de o fazer). Resultado: sangue a fervilhar com frequência, e cotovelo partido como consequência. Experimentei mesmo algo novo no Verão dos meus 16- sala de operações (não é das melhores memórias que tenho, não).

E assim passei um mês de um Verão calorento, repleto de festas e dias de praia: fechado em casa, engessado. Mas a obsessão por experimentação permanecia, e eis que me libertei do efeito pseudo-revivalista (pensamos que sabemos mas só nos apercebemos depois de passar pelas situações: um adolescente não tem nada a reviver, só a viver) e daquela fórmula de música que não passava da guitarras, baixos e baterias. Decidi experimentar coisas novas, e entrei na electrónica. Royksopp surgiu por sugestão de uma amiga, e a seguir à emotiva "Only This Moment" do segundo álbum da banda, surgiu a vontade de explorar mais, entrando assim o Melody A.M. em cena... muito provavelmente o álbum do Verão dos meus 16.
As batidas suaves tomam conta de quase todo o álbum, que acompanham, por norma, uma sonoridade que impediam qualquer penetração de maus pensamentos. Só boas vibes, ideal para alguém com testosterona no auge. Exemplos máximos: "Sparks", "In Space" ou "She's So".

Mas a identidade deste Melody AM, apesar de se manter constante ao longo do álbum, consegue, para além de criar um bom ambiente numa sala de estar, pôr-nos a dançar (mas sempre com boas vibes): O tema inicial é sublime no que à conjugação das duas "personalidades" toca e as conhecidas "Remind Me" e "Poor Leno" põem qualquer pé a acompanhar a batida.

Um álbum que me marca em duas maneiras: por ser, provavelmente, e como referi, o álbum dos meus 16, e por me re-introduzir à música electrónica e me "atirar" para o Downtempo e o Trip-Hop- a adoração por Massive Attack veio a seguir, assim como artistas como U.N.K.L.E., Portishead ou Sneaker Pimps (mas disso podemos falar depois).


P.S.: Carreguem aqui para ouvir o álbum (e prestem atenção à faixa nº6... ideal para quem chega stressado a casa)


*Um dos Tais Álbuns

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Ice Age comin', Ice Age comin'.."


(não é o vídeo oficial; o único que encontrei tinha uma qualidade sonora pouco aceitável)

Recomendei hoje, esta música a uma pessoa que considero amiga. Por dois motivos: andei com ela o dia todo a "pairar-me" na cabeça, e porque aos meus amigos só aconselho coisas que considero boas (pelo menos, em termos musicais).

Esta música faz parte do álbum "Kid A", que foi a cara da mudança dos Radiohead para um estilo menos "comercial" e mais "inteligente" (se me permitem).
Depois deste "Kid A", a banda de Tom Yorke fez, ao todo, mais 4 álbuns com electrónica introduzida ao contrário dos 3 com predomínio de guitarras "rasgadas" e percussão "básica". Antes disto, eram conhecidos como grandes senhores de rock progressivo dos anos 90... e continuam a ser identificados dessa maneira. Com certeza que o fã mais desatento reconhecerá mais facilmente músicas como "Paranoid Android" ou a mítica "Creep" do que esta genial "Idioteque" ou a mais recente (e com graus semelhantes de genialidade) "15 Step".

É frequente, se experimentarem, ver uma pessoa qualquer a julgar Radiohead como uma banda de rock progressivo, a face mais conhecida. Mas o mais curioso é que essa não é a face predominante.
Se eles se importarão? Não sei. Mas considero que as últimas quatro obras da banda apresentam sobriedade, transmitida e evidenciada (pelo menos, para mim) nesta "Idioteca"... que coincide, curiosamente, com a fase que atravesso (o choque com a realidade). Daí a publicação.

domingo, 25 de outubro de 2009

"The Marshall Mathers LP" UTA*


Negar o passado é algo que considero reprovável, e, apesar de não fazer tudo o que admito fazer e de me ser conveniente negar certos factos da minha vida passada, tento o máximo possível admitir o que se passou em tempos distantes. Mas mesmo distantes:
Foi há cerca de 8 anos atrás, a música "Stan" era um dos singles em top's pela europa fora. Cá o sucesso não era tanto, mas na altura os canais de música (há excepção do extinto "Sol") eram todos estrangeiros. Eu, como típico pré-adolescente a descobrir a paixão pela música, dividia a minha programação entre futebol e esses precisos canais. A música "Stan" ficou-me no ouvido, e foi um daquelas paixonetas, aparentemente assolapada, por single's.

Juntamente com um Nokia 3310, roupa da "Resina" (bem disse que me custava admitir certas coisas...), artigos de futebol e feijões mágicos do Harry Potter (...mesmo), lá estava ele: The Marshall Mathers LP, com 18 músicas inapropriadas para um miúdo de 10 anos tão aparentemente precocemente desenvolvido. Nas primeiras alturas, naturalmente, só ouvia a "Stan". Mas a curiosidade de um pré-adolescente explorador, e o número excessivo de vezes que tocou a faixa 3, levou-me a explorar o resto CD.
Começa com um anúncio público a avisar os críticos de que, independentemente do que escrevessem, ele não quereria saber... segue-se a controversa e orelhuda "Kill You", que antecede a música do momento. Seguem-se uns "skits" de conversas com supostos editores, e mais músicas extremamente corrosivas em relação à sociedade, mantendo a identidade muito característica de Eminem- do talento do homem para a lírica ninguém pode duvidar (negar, muito menos). Este talento, era acompanhado com uma batida, por norma, dramática, que conferia às músicas uma natural afeição ao ouvido. Era qualquer coisa de brilhante, algo que conseguia identificar na altura... e ainda hoje consegui.

Eu, com uma identidade musical relativamente segura e que se distancia deste tipo de música, decidi ouvir o álbum e recordar os saudosos tempos de inocência (que ironia), e digamos que não passei um mau bocado nem cheguei enfartado ao fim do álbum... antes pelo contrário, descobri outra coisa fantástica nele: chama-se "Kim", e demora 6 minutos- trata-se de uma discussão altamente acesa sobre o rapper e aquele que supostamente seria o amor da sua vida, sendo a música com o tom mais dramático e acompanhada por uma conversa cantada... é muito bom, seja qual for ouvinte.

O álbum estaria aqui inevitavelmente. Mas não custa assim tanto admitir o passado.

P.S.: Carreguem aqui para ouvir.

*Um dos Tais Álbuns

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"(...)makes you really want to think and stop(...)your eyes from flowing"



Momentos de genialidade. Todos têm, e tenho garantias de que apenas são aproveitados ao máximo em cerca de 5% das vezes pela maior parte das pessoas.
Claro que há os sobredotados ou os génios. Esses têm mais momentos desses, ou melhor, têm-nos e não os sentem, ficando o que eles vêm de banal numa obra a magnífica concepção de uma beleza rara ao olho comum. Esses, acabam por ser infelizes por nunca se aperceberem realmente do valor do que fazem, apenas "ouvem dizer" que fizeram. Vivem na eterna tristeza do vazio de nunca terem feito algo que os ultrapasse.

Os felizes, normais, conseguem aperceber-se dessa riqueza que têm dentro deles e do potencial que, de facto, têm. E se dão à luz do Mundo uma obra prima que se possa repetir, a tendência é para o fazerem- espalhar o génio deles. Mas claro, a mística nunca será a mesma para eles, e mais tarde ou mais cedo aperceber-se-ão das falhas da sua obra. As falhas que eles vêem e mais ninguém vê. E tornam-se nos verdadeiros tristes ("afinal só sou o que sou aos olhos dos outros"), por se aperceberem de que uma das suas maiores obras, das que mais se orgulham, não tem tanto valor assim. Apenas os outros conseguem enxergar a face mais brilhante de um ser não-iluminado.

Daron Malakian, de origem arménia, normal e feliz por natureza, conseguiu ter um momento brilhante à guitarra numa qualquer experiência. E da rude e violenta "Psycho", conseguiu prolongar um solo aparentemente "improlongável", e trazer calmaria onde essa parecia impossível existir. Deixou andar os seus dedos e fê-los "puxar" o canto da guitarra. E o resultado foi genial. Momento de genialidade. "Sacou" esse solo (Serj, seu colega de banda, auxiliou-o com o piano), partilhou a genialidade com o Mundo, e o resultado nada mais foi que não pura magia- o súbito prazer que surge ao ouvido do comum fã de música e, sobretudo, de System of a Down.
Duvido, pelas várias vezes que o fez, que ele consiga sentir o que nós sentimos a ouvir a sua obra. Nem mesmo ao vivo, porque não acredito no contágio emocional neste tipo de coisas. A fantástica tristeza.

Ouçam, que vale a pena (é a partir do minuto 02:52, mas nada perdem a ouvir a música toda ou a assistir ao fenómeno da fantástica massa amada de uma das minhas bandas de eleição).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"Con perdón de las damas (...), chupen"


Depois de muito sofrimento atípico para uma selecção como a Argentina, a selecção das pampas conseguiu apurar-se para o Mundial 2010 sem ter de passar pelos decisivos e emocionantes playoffs.
Mesmo que não se conseguisse apurar directamente, nos playoffs estaria sempre uma equipa de média qualidade para o patamar da... América do Norte. Isto é, uma equipa, por norma, mais fraca relativamente às equipas apuradas pela América do Sul. O apuramento para o Mundial não estava, por isso, assim tão em risco como muitos o quiseram pôr para a selecção argentina. Fizeram o funeral ao treinador da formação, e até lhe cantaram um hino fúnebre antes das derradeiras jornadas.
Frente ao Peru, a vitória foi arrancada a ferros, e frente ao Uruguai a exibição foi terrivelmente má, apesar da vitória sobre o eterno rival. Mas o que é certo é que a Argentina se qualificou.

São tudo factos: A horrível interpretação dos factos por parte da comunicação social argentina (quanto mais a vou conhecendo, menos vontade tenho de o fazer), a péssima campanha de qualificação para o Mundial por parte da Argentina e a falta de experiência do treinador. O 1º acabou por agravar os seguintes, mas estes também foram evidentes... apesar de se esperar mais paciência pelos orgãos de comunicação social por um treinador que se estreava ao comando de uma selecção (e logo com uma tarefa árdua pela frente), e não uma autêntica caça ao homem através do insulto. Não me imagino a aguentar a chacina de que foi alvo o seleccionador argentino...

... no entanto, também não me imagino a proferir as palavras que este mesmo proferiu (carreguem aqui para ouvi-las), nem me imagino a expressar da maneira que ele se expressou. Nada justificava esquecer-se a boa educação, o exemplo que ele é para o jovens e a imagem que ele representa fora do seu país.

Condenável: em primeiro lugar, Diego Maradona; em segundo, o alto ênfase dado pela comunicação social de todos os países às suas palavras; em terceiro, aquilo que os media argentinos fizeram antes destas palavras; em quarto, os que justificam as palavras de Maradona com o consumo de cocaína (nunca pensei haver tanto excesso de ignorância e pequenez...)

domingo, 18 de outubro de 2009

"Master of Puppets" (UTA*)


Este álbum ganhou outro significado quando ouvi, triste por não ter comparecido à chamada, online, o concerto deles no Super Bock Super Rock 2007. A "Orion" tocou-me profundamente, principalmente por ser precedida de uma das malhas mais poderosas ("Four Hoursemen") e esta música começar um pouco mais calma. Eles controlaram o público de uma maneira única... não há muitas bandas que se possam dar ao luxo de ter uns fãs tão fiéis como os de Metallica, e que respeitam as "travagens a fundo" (passagem ao instrumental) ao contrário do simplório e comum "sempre a subir" a que nos habituaram outras bandas (do género, ou não). Acreditem que é difícil encontrar "sucessora" à FH numa sequência.
Foi esse mesmo respeito e controlo que me surpreendi com a reacção do público à Master of Puppets. Que ovação!
Felizmente, pude sentir, dois anos mais tarde, na pele, o sangue a subir à cabeça com os primeiros "toques" de Mr. Hammett.

Foi o SBSR'07 que me atirou aos "cães", e fui, pela primeira vez, ouvir o álbum completo. Era semi-iniciado (dois anitos de música pesada) neste tipo de estilo, e fiquei estranhamente entretido com a sonoridade com que fui sendo presenteado. A começar com uma escolha fantástica para "opener", "Battery" começa calma e ameaçadora de uma catástrofe. Prolonga-se por seis minutos, e dá lugar à mítica e poderosa entrada da "Master of Puppets"- conheçam ou não a música, após ouvir "Battery", só faz sentido seguir-se a MoP... é tão natural. "The Thing That Sould Not Be" acaba por acalmar as hostes e a "Sanitarium" consegue complementar na perfeição essa calmaria antes de nova tempestade (simplesmente uma das melhores baladas de sempre no trash metal -performance ao estilo característico de Kirk Hammett), que começa com os acordes electrizantes da ácida Disposable Heroes, que antecede a Lepper Messiah - só esta sequência justificaria o rótulo de obra-prima do trash metal. Somos invadidos, depois, com, provavelmente a melhor música instrumental dos Metallica (quase a par da ...And Justice For All), e acabamos com a Damange Inc, numa mistura de malhas propícias ao moshpit. Alinhamento perfeito.

Trata-se de um álbum de trash metal puro, e cheio de emotividade: pelo facto de ter sido este a rampa de lançamento para o sucesso da maior banda de heavy metal, por ter sido aquele álbum que colocou os Metallica nos big four do trash (juntamente com Anthrax, Slayer e Megadeth), e sobretudo porque foi o último álbum a contar com a presença do virtuoso Cliff Burton - dos melhores baixistas de sempre.
Outro dos álbuns da década de 80. Outro dos tais álbuns da minha vida.


P.S.: Carreguem aqui para ouvir o álbum completo.


*Um dos Tais Álbuns

sábado, 17 de outubro de 2009

"Tu estás só, e eu mais só estou (...)"

Gostava mesmo de escrever algo sobre isto, mas a genialidade da simplicidade desta letra é tanta que só iria estragar o momento aos leitores/ouvintes. Desfrutem:



"Tu estas livre e eu estou livre
E ha uma noite para passar
Porque nao vamos unidos
Porque nao vamos ficar
Na aventura dos sentidos

Tu estas só e eu mais só estou
Tu que tens o meu olhar
Tens a minha mao aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mao deserta

Vem que o amor
Nao é o tempo
Nem é o tempo
Que o faz
Vem que o amor
É o momento
Em que eu me dou
Em que te das

Tu que buscas companhia
E eu que busco quem quiser
Ser o fim desta energia
Ser um corpo de prazer
Ser o fim de mais um dia

Tu continuas à espera
Do melhor que ja nao vem
E a esperanca foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada
"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Appetite for Destruction" (UTA*)


Nunca tinha prestado atenção nem nunca tinha sido grande fã do fenómeno que é e foi os Guns N Roses, até certa altura.
Amigos e conhecidos meus tinham t-shirts, falavam-me da personalidade incontrolável de Axl Rose e do brilhantismo de Slash. Mas eu, não sei bem porquê, ficava-me pelos clássicos deles e pouco mais: nunca tive grande interesse em descobrir para lá da Knockin' on Heavens Door ou da Sweet Child O' Mine...

... até certa altura. Altura essa, que coincidiu com o lançamento do novo álbum da banda, o Chinese Democracy. O ruído à volta do álbum era imenso: foi lançado com uns (salvo erro) 13 anos de atraso, e era o primeiro álbum de originais da banda desde o Use Your Illusion II, lançado 17 anos antes (curiosamente, no meu ano de nascimento).
Li um artigo numa popular revista nacional sobre Axl, e contínuas mensagens de expectativa em relação ao novo álbum da banda. Despertou-me a curiosidade e decidi fazer-me à aventura... um amigo e colega de turma aconselhou-me a ouvir os álbuns anteriores a este para notar a diferença entre o presente e o passado. Assim o fiz.

Appetite for Destruction gerava, logo pelo título, uma sensação de libertação e de rebeldia. E "os motores de arranque" do Welcome to the Jungle dão mesmo o mote para o começo de uma jornada incrível. Sou confrontado com um hard rock potente quando passo para Night Train ou Mr. Brownstone (que tão colada ao meu ouvido ficou). O caos não pára, e só aumenta quando a sequência desde Paradise City a Think About You rasga os meus tímpanos. Segue-se a mítica Sweet Child O Mine, com aquele que é, simplesmente, o início mais fulgurante de sempre... a sugerir felicidade ao expoente máximo- música mágica, sem dúvida. Até aqui foi sempre a subir, e as últimas três faixas do álbum acabam por soar um bocado menos acessíveis ao ouvido, escondidas as suas qualidades pela grandiosidade da música que as precedeu- único defeito apontado ao álbum.

No fim, sentia-me feliz, realizado. Não sei pelo quê, nem porquê. Mas os Guns, com Appetite for Destruction, logo na primeira vez que ouvi o álbum, conseguiram uma empatia muito difícil de criar. A partir daí, a minha indiferença aos Guns desapareceu radicalmente.

Indiscutivelmente, um dos melhores álbuns da década de 80, e muito provavelmente, um dos melhores de sempre. Vale a pena!

P.S.: Carreguem aqui para ouvir o álbum completo.

*Um dos Tais Álbuns

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"What now, my love...?"

(irá Portugal emergir como potência mundial?)

Depois da vitória folgada sobre a Hungria, e depois da derrota da Suécia em Copenhaga, ficávamos mais aliviados da preocupação de ir ao Mundial (ou aos playoffs). Ficávamos dependentes de nós mesmos, só precisando de uma vitória sobre a Malta (uma selecção que só havia conquistado, até então, 1 mísero ponto em 9 jogos) em casa.

O jogo aconteceu, e, como esperado, fomos logo confrontados com uma defesa recuada, nunca com menos de 9 jogadores atrás da linha da bola, e com uma concentração tal à entrada da grande área que fazia lembrar uma equipa madeirense que jogou na Luz na primeira jornada do corrente campeonato. Portugal, para ultrapassar esta "muralha", teria que procurar as alas, ou rematar de longe. A primeira solução estava logo limitada com o facto de Miguel Veloso não ser tão capaz em manobras ofensivas e com o problema não tão esperado da exibição do meio-apagado José Bosingwa; a segunda, nem sempre foi bem conseguida. No entanto, Portugal, chegou mesmo à vantagem aos 14 minutos por Nani, afastando quaisquer maus pensamentos de surpresas desagradáveis.
Pensava-se que a partir daí, nos soltaríamos mais, mas acabou por manter-se o mesmo jogo. Uma equipa não recuava, e a outra simplesmente não era capaz de penetrar a muralha.

Chegámos ao intervalo a vencer 2-0, e seria de esperar um pouco melhor na 2ª parte. Algo que acabou por não acontecer, apesar de mais dois golos apontados.
Seria de esperar maior irreverência nas alas, e mais dinâmica de meio-campo perante um jogo com estas características. Prefiro pensar que a exibição de Bosingwa, as limitações ofensivas de Miguel Veloso, o mau momento de forma de Raúl Meireles, o esquema táctico (o 4x3x3 declarado, em vez da espécie de 4x2x3x1 que Queiroz costuma usar) e a ausência de Cristiano Ronaldo desculpam o facto de a selecção não se ter apresentado com o calibre que o Mundo está habituado a ver em nós, e que vamos levar de vencido quem vier (Ucrânia, Bósnia, República da Irlanda ou Eslovénia), fazendo grande campanha, posteriormente, na África do Sul. Mas não tiro os pés do chão.

"Nevermind" (UTA*)


Chego a casa desgastado de mais um dia de aulas, mas contente por finalmente chegar ao meu destino. Na realidade não me apetecia mais nada senão sentar-me a relaxar e ouvir um bocado da minha música. Percorro a discografia do meu disco externo, e parece-me adequado ouvir umas boas malhas, de um gajo que não pediu aquilo que tanto teve em excesso (e de uma banda que também o teve mas soube lidar com isso). Falo, claro está, da banda composta pelo frenético Dave Grohl, o irreverente Krist Novoselic e o "sempre adolescente" Kurt Cobain. Saudosos Nirvana!

A discografia, tenho-a toda, e há alturas em que o mais difícil não é escolher o melhor: Nevermind, pois claro. Por mais que tente ouvir pela 15ª vez os outros álbuns, não o consigo fazer... vou sempre dar ao Nevermind. Será cliché para os de fora, ver ser escolhido este álbum como o eterno favorito de todo o fã dos Nirvana? Provavelmente isso acontece com frequência, e provavelmente aquilo que me diz a mim o álbum, também é transmitido a quem o considera como um dos mais marcantes das suas vidas.

Não sei explicar bem o seu significado para mim. Mas sei que não é, simplesmente, o arranque sublime dos acordes da "Smells Like Teen Spirit", nem a genialidade simples da "Come As You Are", nem mesmo o espírito grunge a explodir na "Breed". Não, também não é o significado da "Lithium" (música que me agarrou e, basicamente, me trouxe para este mundo), muito menos a sequência de energia adolescente que vai desde a "Territorial Pissings" à "Stay Away". O facto do álbum ter sido gravado durante o meu primeiro de nascença também nada tem a haver com a grandiosidade que o disco tem para mim, não me considero tendencioso neste tipo de coisas (dizer que sou a reencarnação do Cobain, é pura brincadeira). É algo mais do que isto tudo.

O que é certo é que chego ao fim do álbum, e parece que acabo de chegar a casa vindo de Seattle, onde convivi com gente que cantava aquilo que eu sinto noutra língua, e sem as frustrações que me atormentavam no início da "viagem". Não sei se isso explica alguma coisa, mas é o máximo que consigo transmitir do significado do Nevermind para mim.

Sem dúvida, um dos álbuns da minha vida.

P.S.: Carreguem aqui para ouvir o álbum (sim, completo), e aqui para consultar o alinhamento.

*Um dos Tais Álbuns

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Glory Days"


Os amores de verão deixaram-lhe marca. Não apenas um, respeitando a verdade. Foram uma espécie de dias de glória para um miserável que não pode ter um bocadinho de atenção por parte do sexo oposto.
Mas o verão acabou, e com eles a espécie de dias de glória. A auto-confiança não era, claramente, a mesma, mas ele tentava, ainda assim, o impossível. Manter os dias de glória com os azuis-escuros dos dias cinzentos. Complicado, e nada aconselhável.
Assim o fez, e partiu para o desconhecido. Atirou-se de cabeça. Perdeu-se, e encontra-se agora numa imensa escuridão daqueles olhos, e preso aos cabelos loiros que tão bem ficam naquela cara inocente e apelativa. Mas ela é querida por muito mais gente, e foi o mínimo de atenção que lhe deu que o pôs o mundo dele às voltas.
Ele já tentou, ou pensa que tentou. Ela, nem deu por isso.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"You were always so far away..."



Obra prima dos Alice in Chains. As guitarras leves, melancólicas e tristes, assim como a lírica e o título, sugerem a ausência sentida de um irmão ou algo semelhante, do ponto de vista emocional/afectivo.
A versão unplugged consegue acentuar esse mesmo estado de espírito, e aprimorar ainda mais algo tão sentido. Aliás, foi mesmo o facto de ser unplugged que me fez perceber a música e gostar dela. É estranho e interessante verificar esse tipo de fenómeno em mais bandas, músicas e público: "Nothing Else Matters" dos Metallica é adorada por quem não gosta de Metallica e foi a sua versão acústica que colocou a música no patamar das mais aceites pelo público dito comercial, e o albúm Unplugged dos Nirvana conseguiu catapultar-me para o fenómeno que a banda foi durante os tempos em que dava os primeiros passos... a mim e a mais gente, certamente (já para não falar que se trata de uns melhores albúns de sempre, na minha opinião).
Talvez pelo facto de os Alice in Chains não terem sido tão comercializados em Portugal, esta e outras músicas (como a épica "Rooster" ou a primorosa "Heaven Beside You") não apareçam debaixo da língua da pessoa comum, mas garanto que ao ouvir-se uma e duas vezes, ficará... e não será pelos piores motivos.

sábado, 10 de outubro de 2009

"The Decider"


A expressão/palavra, ouvi-a pela primeira vez, vindas da boca de Seth MacFarlane e da cara de Roger Smith, na série "American Dad". Nesse episódio, Roger iria, ao fim de muito tempo (e sem que ninguém desse por isso), fazer aquilo que lhe competia na sua missão terrena: decidir entre quem vivia e quem morria na Terra. Ele decidia.
No entanto, a festa durou pouco, pois cedo se apercebeu que tudo (ele) não passava de mera experimentação. Ele não era o tal alien com o tal poder, mas apenas uma cobaia de um teste- daí ter vindo à Terra.

Semelhante situação aconteceu esta noite, no Estádio da Luz. Houve uma alma iluminada que pôde decidir o destino da selecção nacional: morrer ou sobreviver e sonhar com o Mundial 2010, eram os dois caminhos possíveis. Tal como o "The Decider", essa alma decidiu, e apontou para o desejo de todos os portugueses. Tal como o "The Decider", essa alma também passou de despercebida, e ninguém conseguiu notar a sua importância... aliás, estará uns quantos lugares para baixo na lista de eleitos pelo povo para o jogador mais importante no jogo desta noite. Mas ele decidiu, podem ter a certeza.

Quando o fez? Quando compensou Duda, e evitou que Portugal ficasse perante um venenosíssimo contra-ataque da selecção magiar com um carrinho fantástico, num raciocínio rápido e com uma perspicácia a fazer lembrar João Vieira Pinto (que, curiosamente, também decidiu durante os seus tempos), evitando que Portugal ficasse em desvantagem no marcador, e baixasse animicamente.
Para além disto, deu tranquilidade aos homens que se encontravam atrás dele, e funcionou como uma espécie de tampão (espécie de... não um, como é, por exemplo, Javi Garcia no Benfica), evitando outras situações que pudessem ser desgostosas para uma nação.

Claro está que não falo de Simão Sabrosa, nem de Liedson... porque nem sempre (ou quase sempre que não) são os avançados a resolver. Falo, sim, de Pedro Mendes.
Notou-se a sua presença ao olho mais atento, aos amantes da táctica... terá passado despercebido ao resto do povo. Este sim, decidiu. Se foi o "The Decider" ou não, não me restam duvidas. Se será ou não, a Queiroz caberá... mas é certo que notei a defesa nacional muito mais tranquila e consistente, e o resto da selecção mais animada do que, por exemplo, com Pepe.
E agora?

"Hey, Hey, and I saved the world today..."


Aimar foi chamado à selecção argentina por Diego Maradona há cerca de uma semana para os jogos cruciais frente ao Peru e ao rival, Uruguai. São dois jogos importantíssimos, na medida em que a Argentina corre o risco de cair num buraco histórico- caso falhe em vencer os dois jogos, a selecção das pampas, muito provavelmente, não irá ao Mundial de Selecções pela primeira vez em muitos anos, e falhará esta competição pela terceira ou quarta vez num período superior a 70(!) anos.

Será de estranhar a chamada de um jogador como Aimar para uma situação tão delicada como esta? Para o adepto mais distraído, e mais receptivo (chamemos-lhe assim) àquilo que lê na comunicação social, com certeza, não haverá. E há fortes razões para uma pessoa comum achar que, de facto, El Mago não foi chamado por acaso: A começar pelo excelente momento de forma em que o jogador se encontra, com exibições a fazer lembrar os seus velhos e gloriosos tempos em que era indiscutivelmente seleccionado; a passar pela mau aura que paira sobre a selecção argentina, a necessitar de alguém com a motivação ao máximo; e a acabar nas debilidades que o sector onde Aimar actua tem apresentado: nem o veterano Verón conseguiu colmatar, nem o génio Riquelme parece disposto a fazê-lo (depois de um desentendimento com Maradona, o jogador do Boca Juniors decidiu retirar-se da selecção do seu país).

Há factos, é certo, que apontam para a chamada de Aimar à selecção argentina. Com essa até acabo por concordar. Mas há consequências que vêm com ela e que me fazem uma "comichão" imensa, e, que, infelizmente, parecem ser crónicas: a imprensa argentina e portuguesa tem, frequentemente, apontado o jogador do Benfica como o novo salvador da pátria. Isto é irritante, porque demonstra o sensacionalismo de que se alimentam jornais... e as (muitas) pessoas que os lêem. No início deste ano, depois de não se ter conseguido afirmar na melhor forma, Aimar era visto como o jogador perdido e carregando o peso dos seus tempos de glória às costas, chegando ao Benfica, alegadamente, à procura de uma "reforma generosa"... agora, vira ídolo.

Será correcto, ou melhor, justo, colocar a fasquia tão alta num só jogador (que é quem é) numa situação de tão-grande responsabilidade? Sim, sabemos da capacidade real de Aimar, e se calhar, ainda nem vimos o máximo dela, mas isso nunca será suficiente para colocar o fato de bombeiro a Aimar, e esperar que ele salve, sozinho, um prédio com grandes probabilidades de ruir.

"Há muito, muito tempo..."

Tinha 6 anos, e o futebol ainda era uma coisa estranha. Um fenómeno que levava as pessoas em meu redor a agir de maneira incompreensível, uma coisa que tinha o enorme poder de controlar a disposição do meu próprio pai. Foram os golos de Nuno Gomes, num jogo qualquer contra o Varzim (creio que para a Liga Portuguesa) que me fizeram mudar a forma de ver esse tal fenómeno. Foram esses golos (um de grande penalidade, o outro de bola corrida) que me mostraram o caminho. Esses, e a euforia contagiante do meu pai pelo Benfica. Começava a perceber e a gostar do fenómeno.

Daí até receber uma camisola do clube com o número 8 (o mais especial de sempre na Luz, de um ídolo que também era o meu até 2000), foi rápido para um miúdo de 6 anos por quem o tempo passava devagar. A partir daí, foi sempre a subir, e aparentemente tinha um talento inato para a bola, o que fez tudo menos pôr um travão à euforia do meu pai em relação ao tal fenómeno que já não era complexo para mim. Depois disso, chorava quando o Benfica perdia, dormia melhor quando ganhava, jogava à bola como um puto comia doces... marcar o primeiro grande golo na futebolada com os amigos da escola foi melhor que o primeiro beijo. Enfim, agarrei-me ao fenómeno. Depois disso, muito mais se passou.

Comecei a escrever sobre outro desporto, um americano, uma nova (mas sem comparação de intensidade) paixão. As crónicas revelavam algum jeito para a escrita, diziam-me. Eu agarrei-me a isso e fui escrevendo sobre o assunto, até atingir o patamar invejável das 100 crónicas. Pelo meio, até houve uma espécie de reportagem sobre o Euro 2008, mas escrever sobre futebol como vou começar a fazê-lo, inexplicavelmente, nunca me surgiu: por insegurança ou falta de motivo. Até chegarmos aos dias de hoje. Hoje, porquê? Porque o clube que pegou em mim e me atirou para o fenómeno está melhor do que alguma vez o vi. E se há saúde e confiança para os lados da Luz, há saúde e confiança nos benfiquistas... há saúde e confiança no país! E são esses dois factores que me empurram para o início de um novo percurso como cronista "amador" de futebol.

"E é isto..."

Um blogue como a maior parte dos que andam por aí. Por uns anos, andei especializado noutras áreas, criando blogues especificamente para estas, mas agora a diversidade e necessidade de escrever sobre várias coisas atiram-me para este novo "sítio-de-desabafo".
Assim, futebol, música, possivelmente literatura, política ou mesmo programas e séries de televisão terão reflectidos artigos de opinião, e não só. Não me limitarei à superficialidade das opiniões, e também poderão contar mesmo com desabafos pessoais (acredito que não sejam os mais interessantes, mas há essa necessidade), ou histórias/"imagino-divagações".

Uma viagem que espero longa, benéfica e acompanhada.