domingo, 23 de dezembro de 2012

"Ai se el(a) cai(...)"

E chegamos a isto: um Sábado à noite de Inverno, eu com os auscultadores e apenas a tinta virtual para me consolar e ela com o barulho das luzes sobre uma cabeça indiferente ao meu apelo - bom eufemismo para imposição - para ela calçar os meus sapatos e andar como eu ando.

Não são uns sapatos quaisquer.
Deixei e confiei que ela me apertasse os cordões da forma que ela entendesse melhor. Sabia que não os ia deixar soltos ao ponto de tropeçar na nossa caminhada, nem muito apertados de forma a atrofiar-me a caminhada, afinal caminhávamos juntos e de mão dada por uma  longa estrada cheia de promessas. 
Mas ela deixou folga no nó de um lado, e apertou com força do outro. Fez-me tropeçar na vida, e não foram só os sapatos a cair, foi o peso do meu corpo.
 Ela ergueu-me, fingiu que a culpa não era dela. Afinal a ordem fora dada por mim, e a confiança entregue da minha parte para ela. Dei-lhe ordem para me orientar... mas teve de correr enquanto fiquei imóvel.

Agora, mesmo ferido e com andar manco, tento correr e alcançá-la quando ela já vai longe rumo à vida prometida. Choca com realidades diferentes, nos cruzamentos onde antes já passei rumo ao sítio onde ela está. Mas estou longe. Há engarrafamento de emoções, buzinadelas que soam a gritos de socorro, onde estou... não os consigo evitar!

Não porque tenho os sapatos cheios de merda, não porque me fizeste tropeçar... mas apenas porque não quero que o meu amor caia, volte atrás, onde há trânsito e sinais de stop por todo o lado.