Tinha 6 anos, e o futebol ainda era uma coisa estranha. Um fenómeno que levava as pessoas em meu redor a agir de maneira incompreensível, uma coisa que tinha o enorme poder de controlar a disposição do meu próprio pai. Foram os golos de Nuno Gomes, num jogo qualquer contra o Varzim (creio que para a Liga Portuguesa) que me fizeram mudar a forma de ver esse tal fenómeno. Foram esses golos (um de grande penalidade, o outro de bola corrida) que me mostraram o caminho. Esses, e a euforia contagiante do meu pai pelo Benfica. Começava a perceber e a gostar do fenómeno.
Daí até receber uma camisola do clube com o número 8 (o mais especial de sempre na Luz, de um ídolo que também era o meu até 2000), foi rápido para um miúdo de 6 anos por quem o tempo passava devagar. A partir daí, foi sempre a subir, e aparentemente tinha um talento inato para a bola, o que fez tudo menos pôr um travão à euforia do meu pai em relação ao tal fenómeno que já não era complexo para mim. Depois disso, chorava quando o Benfica perdia, dormia melhor quando ganhava, jogava à bola como um puto comia doces... marcar o primeiro grande golo na futebolada com os amigos da escola foi melhor que o primeiro beijo. Enfim, agarrei-me ao fenómeno. Depois disso, muito mais se passou.
Comecei a escrever sobre outro desporto, um americano, uma nova (mas sem comparação de intensidade) paixão. As crónicas revelavam algum jeito para a escrita, diziam-me. Eu agarrei-me a isso e fui escrevendo sobre o assunto, até atingir o patamar invejável das 100 crónicas. Pelo meio, até houve uma espécie de reportagem sobre o Euro 2008, mas escrever sobre futebol como vou começar a fazê-lo, inexplicavelmente, nunca me surgiu: por insegurança ou falta de motivo. Até chegarmos aos dias de hoje. Hoje, porquê? Porque o clube que pegou em mim e me atirou para o fenómeno está melhor do que alguma vez o vi. E se há saúde e confiança para os lados da Luz, há saúde e confiança nos benfiquistas... há saúde e confiança no país! E são esses dois factores que me empurram para o início de um novo percurso como cronista "amador" de futebol.
2 comentários:
eu já saia da barriga da minha mãe a gritar pelos golos de joão pinto
somos dois!
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