
Está fresco na minha memória um artigo de uma revista masculina sobre a segunda vinda do Grunge às massas, em substituição da década (de 00) que, segundo o artigo referia ser a "filha" dos anos 80 onde bandas como Joy Division e The Smith's ou (falando mais popularmente) artistas como Madonna, Michael Jackson e Prince dominavam os top's de tabelas nacionais com autênticos hinos de discoteca.
Em que é que se baseia o artigo para afirmar tal coisa? A reedição de Bleach e a edição oficial do Live at Reading dos Nirvana; o regresso dos Pearl Jam com um novo álbum e a com a re-edição do melhor álbum de sempre da banda (o mítico Ten); com o primeiro álbum dos Alice in Chains sem Layne Staley e com William Duval na parte vocal; e com as 44 músicas disponíveis para download gratuito que os Smashing Pumpkins disponibilizaram.
Este artigo deixa-me baralhado: por um lado assiste-se, de facto, ao natural regresso às tendências, a uma maior aderência por parte das massas; por outro, não há descendentes decentes do grunge- Smashing Pumpkins só foram grandes nos anos 90, bem como Bush ou Skunk Anansie.
Se não há bandas contemporâneas com influência do som de Seattle tão mediáticas como se pede, e nem parece haver condições, para já, para essas emergerem, será assim tão correcto afirmar-se que o futuro da música é o Grunge? Será assim tão correcto afirmar que já saímos da "zona temporal" da "filha dos 80"? E será assim tão correcto afirmar que, de facto, as tendências para a música não passam de ciclos viciosos?
Sinceramente, não creio. Mas fico extremamente contente por ver um senhor que já morreu há 15 anos e que desde os meus 3 idolatrei a ser reconhecido, gosto que lhe reforcem a imortalidade que lhe é devida.
Apesar de saber que nunca gostou da popularização, Kurt Cobain teve de lidar com ela. E morreu, entre outras causas, por causa dela (matando-se ou matando-o). E, numa análise fria à vida de um ídolo, consigo dizer que a sua morte lhe poderá ter trazido a imortalidade e que a obra dele e dos seus companheiros foi imortalizada, também, pela mediatização da morte dele. Sem ela, possivelmente, o grunge entraria numa mutação deprimente e caíra no abismo do ridículo.
Como dizia Miguel Sousa Tavares, na mesma revista do artigo referenciado "tenho a mania de sair dos lugares onde fui feliz, antes que me façam sentir que está na hora de sair". Não sei se Kurt terá pensado assim, mas, tendo consciência da polémica e não desvalorizando o género- sem a morte de Kurt Cobain, o Grunge não chegaria perto do que ainda é.
5 comentários:
Este tema sem dúvida que nos leva para o panorama do "E se...". Também já pensei diversas vezes na morte do Kurt e concordo contigo. Há uma forte possibilidade de ele se hoje estivesse vivo não fosse imortal, como será sempre após a sua "herança" fantástica e a sua controversa morte.
Não deixo de todo de concordar quando dizes que nao há descendentes que mereçam ser comparados aos grandes da sonoridade do som de Seattle, não nos dias de hoje. Hoje ouves álbuns de Nirvana e eles são fiéis ao som, sem dúvida, mas estamos a falar de anos anteriores ao nosso nascimento. Na minha opinião a nossa sociedade actualmente não ouve na sua maioria música de grande qualidade e isso reflecte-se na criação dos artistas. Os artistas tem necessidade em vender e em vez de tentar adaptar a sociedade a musica que fazem, adaptam a sua criação ao que a sociedade ouve. É um ciclo vicioso. E depois há verdadeiros amantes de música que desejam ter nascido noutro tempo porque nao se sentem enquadrados na sociedade onde estão inseridos.
Acabo este post (que devido ao tamanho deverá ser considerado por muitos um "testamento") por te felicitar pelo teu blog e pelo teu talento para a escrita :)
A morte de Kurt Cobain fez bem ao grunge. É quase perverso pensar isso, mas o que é certo é que aguentou a onda de vendas, o verdadeiro fenómeno. Foi uma espécie de carregamento de gasolina para um fogo que começava a perder força e não se queria extinguir.
Lamento imenso o facto de não haver descendentes de bandas como Soundgarden, Alice in Chains ou os próprios Nirvana- e não, os descendentes nunca serão as imitações dos seus progenitores. Os Melvins deixaram um filho único (Nirvana), e este ainda não deixou sucessor...
...esses amantes de música pura, que nasceram fora do tempo precisam dele!
Obrigado pelo comentário (quanto maior, mais discussão clara e saudável há!), e pelo elogio.
Um bom ponto de vista sobre o que se passa na musica actual.
Mesmo que o Grunge volte, obviamente, viria com uma imagem diferente, pois, apesar de o maior icone (Kurt Cobain)já não poder apoiar esta possivel revolução do Grunge, e este, sim, ser a principal razão porque o Grunge virá com uma imagem diferente,perdeu o seu 'Rei', ainda não a poderemos condenar, pois não sabemos se o que vem aí será pior ou melhor, infelizmente, as estatisticas não apontam muito a favor de que venha um Grunge melhor do que o primeiro (principalmente se forem Lady Gaga's a usar esse estilo para render mais uns milhões), mas não nos precipitemos e vamos ver no que este futuro movimento Grunge nos poderá levar.
Compreendo o que dizes, e é um bom ponto de vista. Creio que ícones pop nunca conseguiriam pegar da maneira que o celebrizou... e caso seja verdade o que se profecia no artigo da revista masculina que falei, não faltará interesse em reatar a chama. Mas vamos esperar que isso não aconteça, e que a "pureza" da distorção das guitarras e dos gritos de frustração que tanto ajudaram à ascensão do género! Estou expectante, e espero não ser desiludido.
Agradeço o comentário! Um abraço.
Eu penso que tar a falar de mortos e assim não é bom. se falassem antes na vitoria do benfica frente ao FCporto, e nos 12 pontos de avanço sobre o sportingCP, era muito mais proveitoso
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