
Era Sábado à noite, e eu, sentado no meu sofá, assistia ao que me restava de um filme que intrigou mais cedo (graças à evolução recente da tecnologia da ZON, consigo agora gravar filmes e séries sem o mínimo esforço). Tinha o nome de "Battle in Seattle", apresentava um elenco algo apelativo- Jennifer Carpenter (Debra Morgan, em "Dexter), Charlize Theron, Michelle Rodriguez (Ana Lúcia em "Lost") ou Martin Henderson são nomes das faces de uma nova geração de qualidade na área cinematográfica-, e, para além disso, tinha uma descrição do filme que me chamou a atenção: Em 1999, um grupo de manifestantes decidiram protestar contra a Organização Mundial do Comércio (que iria ter uma ronda de negociações na cidade de Seattle), reclamando democracia (igualdade entre países, com a satisfação de necessidades básicas em alguns deles), o filme retrata os confrontos entre os pacíficos manifestantes e a polícia de Seattle, assim como as consequências do protesto e a vida de algumas pessoas envolvidas no mesmo- desde a morte do irmão de Jay (Martin Henderson) num protesto anterior, até à sua relação amorosa com Lou (Michelle Rodriguez), passando pelo filho de Ella (Charlize Theron) que morreu, ainda na barriga da sua mãe, fruto de um mal entendido pela polícia de Seattle.
A enorme aderência ao protesto, e as consequências do mesmo (impossibilidade de se fazer a ronda negocial da OMC no dia previsto devido a cortes na estrada), levam o prefeito da cidade de Seattle a declarar o estado de emergência e impôr um recolher obrigatório na cidade.
Tudo isto: a dedicação dos manifestantes, as prioridades descabidas da OMC, a agressividade da polícia perante manifestantes pacíficos... fizeram-me pensar, e só reforçaram a primeira ideia que tive da Organização Mundial do Comércio quando comecei a dar, na disciplina de Economia A, trocas comerciais. Comentei o meu ponto de vista logo com o meu pai, o qual concordou comigo mas parecia não estar muito dentro do assunto (já que não se alongou).
A minha perspectiva sobre a OMC mantém-se, e foi reforçada pelo contagiante filme de Stuart Townsend: esta organização, apesar de dizer que tenta regular o comércio mundial e que pretende diluir as diferenças entre países ricos e pobres, só acentua estas mesmas diferenças permitindo o livre-cambismo. Isto porquê? Porque dá aso a que as grandes empresas mundiais possam "invadir" os recursos dos países em vias de desenvolvimento, e retirar o que se quer deles com poucas contrapartidas financeiras para estes. Assim, se mantém as diferenças entre estados. E querem saber da melhor? Ninguém os consegue parar: se há países a "fugir" desta organização, que já conta com 153 países (97% do planeta), serão logo marginalizados nas trocas mundiais; para além disto, o poder da OMC permite-lhe impôr regras, ignorando as prioridades de alguns espaços nacionais.
A responsabilidade ecológica que esta organização acarreta, e o perigo que esta constitui, por exemplo, para a biodiversidade (fruto das "violações" que a organização não só permite como incentiva às grandes empresas) seriam outros temas que poderia debater, e que acho pertinentes, mas já me prolonguei demais. No entanto, apelo à vossa reflexão sobre o estado de Democracia do nosso planeta e do papel da OMC e das grandes corporações no mesmo.
Chamem "crise" à crise, e não nos atirem areia para os olhos.