segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"Off with the head!"


Entre a espada e a parede tento respirar mas ninguém me ajuda. É a responsabilidade e a falha moral para quem tanto me deu que escorre pelas minhas veias. A ingratidão, a impossibilidade de retribuir os gestos de carinho, bloqueados pelo orgulho. Gente que daria o três tostões mais a própria dignidade para me defender a ser alvo da fraude moral e emocional a que não sou alheio - antes principal responsável. Quanto mais fujo dessa ideia, mais ela me persegue e me procura esmagar como um insecto indefeso num reino de elefantes. Vivo no medo da confrontação, sustentado por um orgulho que não chega para as necessidades básicas. Tal e qual um subsídio insuficiente que não me governa a mim, quanto mais aos que me rodeiam! Em hibernação, defendo-me dos demais que vingança procuram e não se livram do orgulho para se escudarem da sua própria compreensão.
As discussões, os insultos... os motins! O horror da perseguição.
Escondido, os elefantes esquecem-se da minha existência. Encontram a paz nestes assuntos e passam-me o certificado de insano para continuarem a poder olhar-me nos olhos.

E segue assim, conformada, a minha frágil teia de relações.

"Barulho das luzes"


Caminho em direcção de um objectivo com a segurança do atalho. Tento enfrentar, sigo... mas ele bate à porta. A confusão, o ruído, o barulho das luzes e tudo o que com ele vêm, um grito maior, uma luz mais intensa, o cérebro a borbulhar e a dar sinal da existência e do confronto, o coração acelera e ganha força no meu peito, as arritmias tomam conta de mim, juntamente com as impressões de dores que não existem, a boca seca, a falta de ar, o cruzamento com o pânico e a sensação claustrofóbica da impossibilidade da fuga, o medo da vergonha e do que quem me rodeia no momento possa pensar. As folgas à responsabilidade, o choque com a realidade, a descarga de adrenalina que se apodera de mim... impossível racionalizar com estes sintomas, com este barulho, com esta sensação claustrofóbica do perigo que nunca vem... nunca veio.

Pergunto-me se passará quando ele chegar e eu ver que, afinal, a montanha pare um rato.

""


Um grito de revolta, um suspiro de conformismo, uma lágrima pelas limitações que os demónios me impõem. Luto, com medo de os enfrentar e tenho vergonha de os assumir. Repercute-se no meu redor e nas vivências, exclui-me do lado bom da vida. Mas prevaleço, sabendo que o problema está em mim e que sou eu o progenitor de tais limitações. Os demónios fazem parte de mim, e esses filhos bastardos têm de morrer. Tenho de seguir em frente e mandar um a um para a valeta, combalidos. Ver morrer o que é parte de mim, custa mas tem de ser feito.
Imagino a vida sem eles e não é a mesma coisa... é melhor. Sorri-me, sem limitações e abre-se na panóplia de oportunidades prometidas que vinham no pacote inicial.
Desde que me conforme com a ideia de deixar o pânico, o medo, o pessimismo, tê-las-ei.