
Entre a espada e a parede tento respirar mas ninguém me ajuda. É a responsabilidade e a falha moral para quem tanto me deu que escorre pelas minhas veias. A ingratidão, a impossibilidade de retribuir os gestos de carinho, bloqueados pelo orgulho. Gente que daria o três tostões mais a própria dignidade para me defender a ser alvo da fraude moral e emocional a que não sou alheio - antes principal responsável. Quanto mais fujo dessa ideia, mais ela me persegue e me procura esmagar como um insecto indefeso num reino de elefantes. Vivo no medo da confrontação, sustentado por um orgulho que não chega para as necessidades básicas. Tal e qual um subsídio insuficiente que não me governa a mim, quanto mais aos que me rodeiam! Em hibernação, defendo-me dos demais que vingança procuram e não se livram do orgulho para se escudarem da sua própria compreensão.
As discussões, os insultos... os motins! O horror da perseguição.
Escondido, os elefantes esquecem-se da minha existência. Encontram a paz nestes assuntos e passam-me o certificado de insano para continuarem a poder olhar-me nos olhos.
E segue assim, conformada, a minha frágil teia de relações.