quinta-feira, 24 de maio de 2012

"United, we stand"

Eram por volta das 11 da manhã de ontem quando se soube, directamente de Óbidos, que a convocatória da Selecção Nacional para o Euro 2012 tinha sido alterada. Carlos Martins, devido a lesão muscular, não irá marcar presença no próximo Europeu e será substituído por Hugo Viana, jogador do Sp. Braga em grande destaque na liga portuguesa e que contava com uma legião de fãs que desejavam, aliás, exigiam! que este estivesse presente na convocatória de Paulo Bento. Algumas delas, figuras conhecidas da praça do desporto.

 Confesso que não fazia parte desse lote de pessoas, mas aceitaria a convocatória do jogador do Sp. Braga. Afinal fez uma época excelente ao serviço do seu clube, e oferece qualidades como excelência nas movimentações defesa-ataque, precisão no passe longo e facilidade na meia distância... tudo isto aliado à excelente visão de jogo do atleta, cada vez mais apurada devido à "tarimba" que foi ganho ao longo da década de carreira que já leva nas costas. Sem dúvida que são atributos mais valiosos para um meio-campo que, por exemplo, aqueles que Rúben Micael oferece... ou até mesmo Carlos Martins!

 Mas há um (pequeno) problema: Portugal não privilegia o jogo directo, como faz o Sp. Braga e só consigo mesmo vislumbrar o jogo com a Holanda (dos "garantidos) como útil para exploração de lançamentos compridos para as costas dos laterais adversários... e teríamos João Moutinho, ou mesmo o excluído Manuel Fernandes para tentar aproveitar essa "brecha"! Ou seja, considero facilmente aceitável as declarações de Paulo Bento quando afirma que Hugo Viana "tem qualidade" mas não "encaixa no nosso plano de jogo"...

 ... assim como aceito o facto de o ter chamado para substituir Martins. Afinal, e mesmo que não jogue, Viana empresta ao grupo experiência e competitividade que podem ser usadas com beneficio do mesmo; da mesma maneira que é também um ponto final no que poderia haver de desestabilizarão por alguma injustiça que pudesse haver.

 Em suma, apoio Paulo Bento nas decisões que tomou. Posso criticá-lo, e não teria problema em fazê-lo porque tenho noção da dimensão reduzida do número de leitores deste blogue [apesar de prever uma mudança neste aspecto] e sei que entre eles não se incluirá nenhum jogador da selecção portuguesa ou alguma pessoa influenciável/passível de escrever/fazer algo, subscrevendo o que escrevo! Sei que o que escrevo não irá, portanto, ter influência no grupo de trabalho nem nas decisões do técnico.

 Contudo, vozes que são respeitadas, como a de Rui Santos, jornalista da SIC Notícias, têm um eco maior no que às suas opiniões diz respeito. E há muita gente a concordar com ele, simplesmente porque é alguém que vêm todos os Domingos na Televisão, num programa em que é protagonista e onde diz algumas coisas acertadas. Ou seja, um texto inteiro dele, ou mesmo só uma pequena "nota" poderão ter influência em pessoas que compram esses mesmo jornais e a quem os "redactores" querem agradar por sentirem a necessidade de polémica, que alimenta o lucro. E quanto maior ele fôr em razão da polémica, maior é a desestabilização da instituição visada.

 Assim, pelo escrito acima, considero condenável a afirmação "Agora Hugo Viana já se enquadra no futebol praticado pela Selecção Nacional?" que publicou no Record, assim como a de dois editores-chefe da redação deste jornal: José Ribeiro afirmou que "Talvez o seleccionador tenha aproveitado a oportunidade para corrigir o tiro" e António Varela (um senhor com opiniões a favor da polémica e que leio sempre com muitíssimas reservas) questionou a ausência de Manuel Fernandes e ainda viu esta entrada de Viana como uma "mudança de opinião sem sentido"!

 Creio que falo por todos os portugueses (incluindo estes, vou acreditar), ao dizer que quero uma prestação notável da Selecção Nacional no Euro2012 e com muitas alegrias. Para que tal aconteça, é preciso unir-nos em torno desta, apoiar decisões ou remates ao lado ou perdas de bola a meio-campo! São situações que podem ser corrigidas e que terão menos probabilidades de acontecer se não se agigantarem vozes contra equipa e direcção técnica.

 Haja apoio e confiança, e deixe-se toda a quezília de lado. Deixem-se as críticas para o fim, e unam-se as gentes e os seus escritos pelo bem das alegrias que podemos vir a ter com o desempenho da Selecção no Euro 2012. Abaixar canhões de guerra (principalmente os dos mais poderosos) é o primeiro passo para a presença/contributo na história de um desempenho notável.