quinta-feira, 7 de junho de 2012

"... and a serial killer"



Após ver o último episódio da série 6 de Dexter, resolvi mergulhar na aldeia global em busca de opiniões relativamente à mesma e ao final do último episódio. Não fui muito fundo, com receio de afogar as memórias do que acabara de ver e ser influenciado por outras opiniões, de gente que sabe do que fala.

Contudo, sei que qualquer show televisivo não é feito exclusivamente para os críticos, mas também para o público em geral, onde me insiro, e será sempre partindo dessa condição (mero espectador) que esses mesmo críticos fazem os seus julgamentos. Só mais tarde se aplica o filtro dos gostos pessoais (calculo) e, raros casos (gosto de acreditar), do caché que receberam (ou não) para dizerem bem ou mal do show televisivo que viram..

Assim, parto para esta "crítica" como espectador atento e assíduo da série. Não como crítico, porque pode haver toque de pessoalidade na análise e ninguém me pagou para dizer o que quer que fosse em relação à mesma.



Penso que quem esperava um regresso às raízes de Dexter, não ficou desapontado. Isso aconteceu, pese embora o filho (lá arranjaram uma babysitter para o miúdo de forma a deixarem o pai matar pessoas)... que creio não ter sido "desejado" pelos autores da série, já que vem trazer mais problemas à história (como esta limitação do personagem principal) do que benefícios (arranjar motivos para esta se prolongar). Por vezes é melhor não mexer, e a entrada de Harrisson põe sorrisos e companhia na cara de um serial killer que nos habituámos e nos convencionámos a ver sozinho. Acho que parte daí a essência dele. Mas pondo de parte este enorme parênteses da presença de um filho e ainda de uma babysitter para cuidar dele que nunca desconfia do excesso de trabalho do patrão (que, por acaso, é colega de um irmão seu) e que até parece ter pouca vida para além de cuidar do seu miúdo; o episódio em que Dexter vai ao Nebraska para matar o Trinity Jr., e se acompanha da "sombra" e da "voz" do seu irmão biológico (o seu "vilão" na série 1), e ainda o episódio em que mata uma das suas Superstars de infância, bem como a presença mais assídua da "sombra e voz" do seu pai acabam por pesar a favor da balança das origens. Assim como traz à tona uma questão que já deveria ter intrigado muita gente que acompanha a série: como seria Dexter sem ter sido preparado para matar más pessoas apenas? Como seria o nosso personagem principal sem ser preparado para matar, de todo?

Quanto ao vilão, acho que foi dos que mais espectacularidade trouxe à série pelas imagens aterradoras que foi protagonizando. É certo que o actor que desempenha esse papel terá constituído um erro de casting, mas o que o envolvia era maior do que ele, e as imagens de que falei num post anterior a este e algumas que se seguiram, são sem dúvida, impressionantes e mais aterrorizadoras do que qualquer coisa que se tenha feito na série, com excepção da violência "psicológica" da morte da mulher de Dexter. Houve carnificina, houve um fanático religioso que protagonizou alguns twists and turns de deixar cair o queixo... e que não desiludiram aos habituées da série. Há, também alguns defeitos, para além do referido mau desempenho do ator que desempenhou o papel de mau da fita: reside no tardio aparecimento da dupla personalidade ou, se quisermos, do dark passanger do mesmo e ainda das "lacunas" da Miami Metro Police (departamento onde trabalha Dexter) para o apanhar. Contudo, acho que todas as cenas de espectacularidades que brindaram alguns finais de episódio têm peso para compensar estas falhas.

Quanto às histórias secundárias: 1. delicioso o envolvimento de Debra com uma psiquiatra após sair ferida de um tiroteio, e tudo o que traz consigo: a sátira (terei sido o unico a reparar?) a quem procura psiquiatras por tudo e por nada quando há gente que precisa mais por problemas muitíssimo mais complexos (conheçam o que a personagem passou e verão) e ainda o início da aceitação pelo amor (sexualmente falando, sim) que nutre pelo irmão adoptivo. É uma atracção legítima, e facilmente perceptível por quem chegou a ler, por exemplo, Freud.

2. A aparição de Brother Sam, o aparecer de um amigo de Dexter. É de pesar o contrasenso de um serial killer ter amigos, mas a performance do actor é muítissimo ternurenta e roça mesmo a "coolness"... e falo de uma personagem religiosa.

3. O começo de uma nova rivalidade com Louis, o assistente de Masuka, um génio de videojogos que parece permanecer com a personalidade incógnita, mas que promete vir a revelar-se numa próxima série e com boas perspectivas (rivalidade com Dexter iminente)

O final: não o irei revelar, mas foi brilhante mais uma vez e ao contrário do final da série anterior (o único que não me fez cair o queixo) abriu portas e janelas a questões. Quero acreditar que nada é feito por acaso e que a cena final da temporada anterior será detalhadamente explicada e resolvida. Assim como o amor de irmãos, correspondido ou não.

Em suma: Voltou-se às origens da personagem e todas as falhas que pudessem haver foram compensadas por rasgos de genialidade. A opinião da crítica, parece-me, é generalmente má. É natural que haja saturação e saudosismo, mas eu opino de forma diferente.