sábado, 9 de março de 2013

"(...) In Too Deep"



Não mergulhes de cabeça naquela piscina cheia de acessórios onde flutuam pensamentos, memórias, imagens, cheiros, sons e texturas que viveste. Arriscas-te a ficar viciado nela, passas a tentar percebê-la, mas nunca irás conseguir porque ninguém na história do universo conseguiu tamanha proeza e acredita que toda a gente tem o seu próprio pedaço de água.
 Molha os pés, olha para ela, lava a cara se tiver de ser, mas não ouses mergulhar num mundo que vai para além do teu entendimento. Não te desculpes com salvamentos, porque nada se afoga lá a não ser o que não é necessário. Deixa o ecossistema alimentar-se, deixa a água mover-se conforme lhe convém e não te preocupes com o que os outros vêem nela porque se assim fizeres passas a ver o reflexo deles em vês do teu quando procuras a tua personalidade no meio da imensidão dessas profundezas.

Não te iludas, a piscina dos outros é muito melhor. Tudo o que vem à tona, todas as coisas que eles mostram é só o que se quer mostrar e não o que existe lá dentro... porque todos têm podres, pensamentos e ideias parvas, todos já tentaram mergulhar e todos sabem do quão longe querem ir nas suas piscinas.

Acredita, o melhor é ficares na berma. Se mergulhares numa vida, mergulha na dos outro e vive por eles em vez de te focares em ti mesmo. Faz deles os teus objectivos, e podes fazer de conta que é esse o legado que estás a construir. A probabilidade de os entenderes a eles é a mesma de te entenderes a ti mesmo, ajuda-te a fugir à tentação de olhares para a tua piscina e ainda a consegues enfeitar de forma a que a estimem... nem que seja mais do que tu mesmo.


1 comentários:

Anónimo disse...

Isto tem a haver com a obsessão de um a pessoa com ela mesma, certo? E aquilo que leva a fazê-la.


Genial.
Parabéns, Pedro.