segunda-feira, 11 de março de 2013

"Um homem não é uma ilha"



Foram 2 anos numa ilha partilhada. Ele e a companheira eram felizes e não se importavam com os continentes que se iam afastando gradualmente. O sol, a ausência de nuvens no horizonte fazia-os sentir bem e não quiseram saber da possibilidade de uma tempestade que tornasse a ilha inabitável ou da possibilidade de aguaceiros. Ela construiu a jangada, e pediu-lhe para dar o salto. Ele não quis e foi ficando, sozinho.

Quando viu que era impossível um homem existir sozinho e que a ilha se tornara demasiado pequena para ele ao ponto de precisar de ajuda dos continentais.
Procurou-a e só teve mais dor: descobriu que o tempo passado enquanto pessoa do continente não serviu para nada, e que contou mais para a consideração dos outros o que se falava dele do que o legado que ele tinha.
Armou laços que julgou inquebráveis, mas quem ele quis contactar... já não lá estava.

Sofre, desespera pela não-correspondencia nos laços e contactos que criou, primeiro, mas quando racionaliza apercebe-se: este é o primeiro passo rumo à continentalização. Dói, é estranho, mas é a maneira mais efectiva de apanhar os destroços e reerguer o seu império.

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