sábado, 2 de janeiro de 2010
"Falam, Falam..."
O ano era 2004, e um qualquer episódio que incluía Fox, o cão político, e Ricardo Araújo Pereira num sketch estupidamente brilhante. Por estas alturas, e com alguns contactos valiosos em carteira (basta relembrar que escrevia para Herman José e era/é politicamente activo), RAP e o bando certamente não imaginavam o lançamento de um DVD de topo de tabela, nem o fenómeno de sucesso do seu blogue, muito menos a chegada ao estatuto de grande celebridade com programas televisivos transmitidos em horário nobre... em canais nacionais!
Entre 2004 e 2009, os Gato Fedorento ultrapassaram várias adversidades (uma delas o "esquecimento" de que Herman José já falou), e conseguiram um crescimento constante de popularidade.
Sem a complementaridade de todos os elementos dos Gato Fedorento, isto não seria possível, é certo, mas tenho uma ligeira sensação de que caso este bando de humoristas não existisse, o que mais se destacaria seria Ricardo Araújo Pereira. E tive esse "feeling" desde que vi pela primeira vez o Gato Fedorento, no Verão de 2004. Consegui contagiar a família e amigos com o DVD de um grupo a quem se adivinhava sucessos. Todos acharam o mesmo.
Volvidos quase seis anos, Ricardo Araújo Pereira pode considerar-se (e mesmo eu estando sob a influência do seu livro mais recente) um dos gigantes do humor português... mesmo para os pseudo-anti-heróis-mediáticos.
14 comentários:
Oh meus amigos o esquecimento de que herman josé já falou não é um esquecimento (no caso dos gato) que se dê em 5/6 anos, obviamente que com o boom deles será muito mais moroso. E mesmo assim a palavra não pode ser encarada de forma literal.Quando o Herman a usa (a palavra "esquecimento") ,usa como indicativo de que muita gente a determinada altura FARÁ POR se "esquecer" dos gato (ou porque são activos de mais, ou porque nao interessam a dado grupo politico, ou porque já estão muito caros), e quanto ao publico na sua maioria esquece (aqui é memso esquecer) parte substancial do que os artistas fazem... o herman que ja apanha 3 gerações de publico ( quase 40 anos de carreira) obviamente que ja nao tem a maioria dos miudos de 20 anos a lembrar-se de que ele entrevistou em 92 o Roger Moore ou até a Cher... O Herman ensinou muita coisa aos gato... pergunte-lhes quantos textos foram emendados... quantas rabulas reescritas.... o RAP foi o que aprendeu melhor no entanto ainda falta muito para chegar ao nivel do mestre Herman, ele proprio o afirma, não sejamos pseudo-anti-grandes-antigos/actuais-nomes e admitamos que mesmo sendo bons ainda lhes falta caminhar muito. Cumprimentos a Mendes Machado
Quando o Herman falou do que está referido nesse comentário (creio que numa entrevista à SIC), os GF eram recém-nascidos para a ribalta e a interpretação óbvia de alguém que não acompanhava humor na altura em que Herman surgiu seria a do esquecimento mediático súbito, algo que aconteceu com, por exemplo, Fernando Rocha (que nunca foi humorista, sabemos). Tenho a mesma opinião, e cada um poderá ter as interpretações que quiser pois será livre de as ter.
Estive e estou longe de querer comparar Ricardo Araújo Pereira (e não os Gato Fedorento) com Herman José! Jamais fui contra o nome dele neste post("pseudo-anti-grandes-antigos/actuais-nomes"), contra os seus ensinamentos ou contra a sua importância social! Se o interpretaram dessa maneira, culpem os vossos olhos.
Agradeço o comentário. E espero mais, de preferência construtivos.
Sinto que o Herman está a renascer das cinzas, (Gala TVI, Jogo Duplo) e a fechar o ciclo "trash / SIC" que quase lhe ia custando a carreira. E também sinto, que depois de 879874873987487398747 anuncios da MEO, o RAP & Cª vão ter de pedalar muito para não inciarem a sua descida. Não é fácil ser humorista num mercado de meia dúzia de macacos.
"RAP [é] um dos gigantes do humor português ... mesmo para pseudo-anti-heróis-mediáticos"- forma sublime de acabar.
É certo que a imagem dos Gato tem-se desgastado continuamente, mas há que reconhecer os feitos por eles alcançados. Arranjar todo e qualquer mesquinho pormenor para banalizar a grandeza dos Gato Fedorento é típico do português estúpido.
Pensava que essa doença não chegava ao humor, mas pelos vistos atacou em força.
Uma carreira faz-se de opções. Hoje em dia, quase 50% do historial em antena dos Gato é ocupado pela repetição exaustiva de anúncios cada vez mais patetas. A polémica não se instala como acontece com o Herman, que mal ou bem provoca, propõe, interfere, revoluciona. A constatação desse felino desgaste não é má vontade, é feita de muitos anos a observar artistas que a certa altura "venderam a alma ao diabo" e acabaram por pagar por isso. A morte que daí advém, é a mais triste: sem desconforto nem sobressaltos. O Herman "diz que é uma espécie" de Elton John do humor. Os Gato e o RAP ? Uma espécie de Katrina and the Waves. Um irrita e perdura, ama-se ou odeia-se, os outros são enfadonhamente consensuais, e inevitavelmente caducos. Não ficarão para a História.
Marta Leite Castro?! ahahahah
Quanto ao post, meu caro PM, os meus parabéns pela boa escrita. E quanto aos críticos, apesar de não negarem a qualidade do artigo deste meu estimado amigo, há posições que se devem aceitar consoante as características das pessoas (nomeadamente o espaço temporal vivido). Mas enfim, se é pra "achincalhar" é pra "achincalhar".
A questão do desgaste é inevitável... nos Gato Fedorento. Mas o que Ricardo Araújo Pereira conseguiu, nomeadamente com o destaque que lhe foi dado neste último programa da SIC relativo às eleições e pelo lucro que ainda constitui passado um bom tempo, acredito que seja um humorista a ter em conta para a história do humor nacional. Aliás, acredito mesmo que já tenha escrito história suficiente para ser considerado um dos gigantes- claro que os enormes como Raúl Solnado ou Herman José estão largos degraus acima, mas só um estúpido e eterno saudosista (os saudosistas não são estúpidos, atenção) seria capaz de ver isto como uma comparação aos mesmos ou mesmo fazer comparações desse género.
"Não ficarão para a História"- Se a referência vai aos Gato Fedorento, pergunto-me quantos grupos de humoristas já houve deste género e a vender tanto como eles. Para o Ricardo Araújo Pereira, já nem falo. A tal história do humor português não acaba em Herman José!
Obrigado a todos pelos comentários
Basta andar na rua e perguntar ao povo quantas frases, ideias ou personagens ficaram do Ricardo Araújo Pereira. O seu trabalho, apesar de muito válido, é uma versão reciclada da escrita "Miguel Esteves Cardoso", a coqueluche humorística dos anos oitenta... (alguém ainda se lembra dele ?) Para fazer história, é preciso mais do que produzir versões do "Monty Python's Flying Circus" (há um artigo demolidor do João Quadros sobre as "coincidências"), do "Not The Nine O'Clock News" (os decalques são tantos que transformam o Tony Carreira num autor impolutamente original), e encenar números de ilusionismo com políticos que recebem por mail as perguntas "tipo humorísticas" com TRÊS dias de antecedência (fonte: assessoria do Paulo Portas) ! Que se deixe enganar quem quer. Pessoalmente, prefiro TRÊS minutos de "Nelo e Idália" no You Tube a TRÊS horas de teatro amador "Zé Carlos" em DVD.
O que eu me ri com estes comentários. Cambada de burros. Modernizem-se!
Routee NA
Por mais que aceite este último comentário, tenho a responsabilidade de apelar ao bom senso e a que se evitem insultos tão descarados. Pode haver pontos de discórdia, mas gosto que os espaços pelos quais sou responsáveis sejam civilizados!
Quanto ao anterior: opiniões, meu caro.
Obrigado pelos comentários.
Desde já, um aparte: tenho que dizer que adorei o, passo a citar, "evitem insultos tão descarados"!
Afinal o RAP não é assim tão bem aceite pelos pseudo-anti-heróis-mediáticos.
Eu, completamente excluida desse grupo, afirmo sem qualquer duvida que aquele homem é formidavel. No dia 10 de Dezembro de 2010, o teatro Paulo Quintela da Faculdade de Letras de Coimbra, abarrotou. RAP mobilizou alunos de muitas faculdades e a mim impressionou-me por completo. Sabia que era um homem inteligente, mas nao sabia que a sua cultura era tao vasta. O tema era sobre livros de humor, consequencia da colecção de livros de humor, escolhidos por ele. A conversa foi longa e até da Odisseia, de Homero se falou. No final, ninguém se queria ir embora. As palavras dele, a forma como nos cativou atraves do humor, faz dele sem duvida um homem muito inteligente e um grande humorista. Se ele vai ficar na História? Ninguém sabe. Mas pelo menos, RAP já fez História (nem que seja por ter sido o primeiro homem na Playboy em Portugal (brincadeira)).
Refiro-me ao Ricardo Araujo Pereira mais do que aos outros devido ao facto de ter mais para falar dele do que dos outros elementos do Gato. Mas acho injusto que sejam criticados.
Sem duvida que quanto a questao do saudosismo, nada podemos fazer. Mas por favor, fazer comparações intemporais não é de todo a melhor coisa a fazer. Ate porque a meu ver, por exemplo, os Gato e Herman, recorrem a diferentes temas no que toca ao humor. Por exemplo, para achar piada a grandes parte dos sketches dos Gato é preciso saber aquile que se passa no nosso pais, no Mundo para conseguir perceber.
Eu aconselho que ouçam aquele homem, leiam os livros com muita atençao ate se aperceberem do brilhantismo do mesmo.
Ger:
Compreende-se o saudosismo e algum cepticismo face ao que é novo por parte de quem já cá anda há muito tempo, e creio que a paciência, humildade e a abertura mental tiveram de se apoderar de mim na resposta a vários pontos de discórdia. Compreendo perfeitamente, fiquei extremamente agradecido pelos comentário e pela resposta (lamentando, depois, a falta de comentários que se seguiu a este post).
Não tenho dúvidas da inteligência deste homem. Vê-lo ao vivo, e beber um pouco da sua sabedoria terá sido algo fantástico. Invejo-te por isso.
Ainda bem que me compreendes em relação a comparações, e fico contente por seres uma das que vê por onde eu vejo quanto a isso. Elegê-lo como um dos melhores da história, não põe ninguém para baixo.
P.S.: Quanto ao "Evitem insultos descarados"- tudo o que se publica e o que se fala é da minha responsabilidade, e tive que pôr "mão" nisto, ou descambava tudo.
Obrigado pelo comentário!
É muito forçado estabelecer comparações entre Herman e RAP. Para isso, precisavamos de viajar no tempo, e avaliar um RAP com mais de 30 anos de carreira. Uma coisa é certa: o RAP jamais estará 2 horas em palco entre piano, baixo e viola, e nunca lerá Goethe e Thomas Mann na sua língua de origem.
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