quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"Vergonha"

(Não, este homem russo não está numa banheira, nem está a beber água)


Todo o português, e não só, tem em si um homem carrancudo e desconfiado de um reverso do destino que teria sido causado por factores externos e injustos, enxotando ao máximo a culpa própria. Confesso que me revejo nesta descrição, como português que sou, mas nunca gostei muito de criar polémica, de levantar poeira ou de a atirar aos olhos de alguém...

Mas hoje...! Hoje foi demais. No dia de ontem, e nos seus anteriores era dado como muito provável a vitória à candidatura ibérica relativamente ao Mundial de Futebol de 2018. E não era de estranhar: dois países latinos, de sangue quente e paixão pelo futebol que já vem desde os primórdios do desporto, tendo grandes relações comerciais, uma capacidade hoteleira invejável, bem como (falo pelo nosso país) pela capacidade gigantesca de organização de grandes eventos... e com grandes facilidades a nível de transporte (ou assim se prevê) entre si que tornam a Península Ibérica num só espaço comum... contra três candidaturas inferiores pelas razões que apresentei e por mais umas: mais de metade dos estádios estariam já preparados a receber os jogos do Mundial; enorme retorno financeiro por este mesmo motivo (investimento menos avultado que outras candidaturas, "desactualizadas") e para quem mais precisa... enfim, podia enumerar mais.

O espaço "Rússia" é maior que a Península Iberica, e isso fará com que não haja tanta flexibilidade de transporte, apesar da grande capacidade hoteleira (semelhante, provavelmente, à Ibérica). Isto, e outras razões que referi fazem da Rússia um péssimo anfitrião do Mundial em termos comparativos.

Há quem se cale, e coma, mas eu não. Não tenho problemas nenhuns em dizer publicamente que a máfia russa está envolvida nesta escolha. Por alguma razão, os enviados russos já cantavam vitória antes da decisão, e Vladimir Putin já tinha enviado a importante notícia à empresa de que tinha o avião pronto para o levar directamente para Zurique em caso de vitória da candidatura russa.
Este homem, este processo de escolha, merece todo o tipo de insultos, mas não querendo ser mal educado, creio que posso falar em canalhice, falta de dignidade, egoísmo... um homem que merece não ter abrigo e passar fome como muito se vê por aqui. Não lhe desejo isso. Seria pouco.

Duvido muito que isto seja lido por alguém chegado de perto a alguém com bom cargo na FIFA ou sequer parecido a estas pessoas, mas se chegar a elas, fica a questão:
Não se está a destruir o futebol, com o seu sub-mundo? Porque não se combate a compra de votos e a entrada de poder monetário ilícito? (esqueçam esta última... eu esqueci-me que também vos convém, esse).

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