
Há quem seja saudosista e diga que antigamente é que era bom. Eu digo o mesmo, e digo o contrário. Não daria um produto por garantido, e se o obtivesse, sendo esse um objectivo, quando o tivesse seria quase, como nos dias de hoje, receber um iPad com a colecção de notas depositadas no Sapatinho; mas se esse produto está à nossa disposição e em tanta abundância como as maçãs e limões saudáveis de antigamente, apesar de não lhe darmos o devido valor, devemos congratular-nos por esse comodismo!
Eu congratulo-me, por isso, por ter, na minha televisão, um pacote de 4 canais que exibem 24 sobre 24 horas os melhores filmes de agora, e de antigamente (assim como os filmes disponibilizados na internet ao preço da chuva).
Fico, então feliz, e perco, feliz ou infelizmente, horas de sono a ver esses canais.
Antes de ontem, fiquei a assistir com atenção à programação desses canais, e assisti a três filmes, os quais faço agora uma espécie de mini-avaliação (esperem muito disto!).
Convergem todos para o mesmo: vidas paralelas, que, de alguma maneira se relacionam, celebrando-se o tão em voga efeito borboleta (qualquer acontecimento numa vida, muda muito outras). O que vos trago hoje, e me chamou mais à atenção é um filme de animação australiano realizado por Tatia Rosenthal, em que um jovem deprimido, desempregado, a viver com um pai desiludido com o fado do filho, tem problemas com a mulher da sua vida e que procura um sentido para a mesma, tendo um irmão que vive com ele, e que dorme com supermodelos sem auto-estima; a personagem principal é viciada em erva, e tem os seus queridos amigos imaginários de tamanho reduzido a entrar em acção quando começa a moca e a consciência a falar sobre o saudosismo dos tempos de faculdade. No mesmo prédio, em paralelo, exibe-se a vida de um idoso viúvo que partilha a casa com um senhor com a paranóia de ser um anjo (anda com asas o dia todo). É esse senhor que ajuda o nosso amiguinho, ao ser desafiado a voar pelo velho com quem partilha a casa- fá-lo e evita o suicídio da personagem principal, ajudando-o a encontrar o sentido da vida ao pai... e talvez, a ele.
Algo muito simples, e que tem outras mini-histórias como a falta de auto-estima de uma supermodelo careca (que tem nos seus sofás a sua consciência) e o sonho de um miúdo (que é aluno da mulher do nosso amiguinho) em se tornar futebolista. Um filme com alguma moral, e com alguma falta de orçamento, dado que só é assim explicável a aposta em "bonecos de plasticina" animados... ou isso, ou o menor impacto que o filme teria tido com presença de carne humana - não sei. Pareceu-me que a mensagem que passou era que os bonecos eram, no fundo, actores da própria espécie humana, e isso trouxe algum brilhantismo ao filme.
Avaliação: 6.1/10.
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