O karma é uma coisa engraçada.
Se analisarmos personagens populares (exemplo mais flagrante: Tony Soprano) que reconhecemos sentadas/deitadas num divã a falar com um "médico da mente" (vulgo psicólogo), todas as elas são perseguidas pelo que fizeram... na infância. São as memórias traumáticas, que têm SEMPRE associadas a elas causas.
Ou seja, por mais disparatado que possa parecer, num dos dias de curiosidade, vir a pôr perfume do pai pode significar um incêndio na padaria à frente da nossa casa.
A mente associa a essas memórias o tacto, os sons, os cheiros e... as visões. Podem vir a acontecer novamente, essas sensações e o sistema de alarme dispara sem razão. Os traumas voltam e a possibilidade da repetição das emoções que víamos com o fumo a sair do sítio onde nos deliciávamos com pasteis de nata enche-nos de ansiedade. Principalmente se não sentirmos o cheiro daquele perfume antigo ou a textura de parede no edifício onde nos encontramos há muito tempo. E é a partir daí que soa o alerta. Contraria-se as emoções e os sintomas corporais que temos, e fica receita para um ataque de pânico a que se junta uma memória enterrada.
O que tem isto a ver com a primeira linha? Todo o efeito tem uma causa, é certo, mas sou céptico em acreditar na ideia de que se voltarmos a pôr o perfume antigo dos nossos pais (ou algo semelhante), haverá uma padaria incendiada e, consequentemente, todo o sentimento de culpa que nos rodeia por algo pelo qual não fomos responsáveis.
Assim, a culpa pertence a quem se deixa interiorizar por ela e não mais que isso.
Portanto: se uma padaria arder, é SÓ porque alguém se esqueceu do forno ligado; se te aconteceu aleijares-te a troçar da miséria dos outros... foi SÓ porque não os imitaste bem.
Este é o início da cura ;)