quinta-feira, 19 de abril de 2012

"República das bananas"




A moda do "descartável" (a desaparecer, faça-se justiça) parece não ter chegado lá acima, aos que mandam no País.
As giletes de fazer a barba ainda serão as dos tempos dos avós, a carcaça de ontem nunca será desperdiçada e acredito que até as cascas das bananas serão usadas para fazer uma sopa/chá/sumo ou algo do género (soa rídiculo, mas já lá vamos)... é com esta filosofia que, por certo, se encarará o dia-a-dia e será esse o espírito que arrastam para as suas reuniões. Tudo tem de "dar" - a barba pode ficar mal feita e o estômago agonizado, mas a "panela velha é que faz a boa sopa".

Estes modos de viver trazem um grande problema: um dia apanha-se uma infecção com um corte maior quando se faz a barba e ainda se ganha uma úlcera ou um problema intestinal de um pão tão agressivamente mastigado ou de misturas não aconselháveis em nome do poupar. O que fazer então, perante a espada e a parede? Escravizar-se ao dinheiro e às pessoas que exigem bom comportamento económico e aguentar as dores ou submeter-se ao "luxo" do amor ao próprio corpo?

O dilema é real. Há dinheiro, mas não se compram giletes novas nem se desperdiça a comida de ontem. O corpo ainda não reage e pensamos que estamos num bom caminho com este estilo de vida em que se venera a poupança sem sequer considerar o cenário de dores ainda maiores no futuro. Acredita-se que o que não se gasta hoje, é o que trará a prosperidade e a inevja ao vizinho, e que "sopa de banana" é suficiente para manter o corpo activo e em constante não-decrescimento...

...mas ele entrará em decadência. E no nosso país há muitas bananas que não querem servir de sopa e até se sentiriam gratas com compra de novas no mercado. Não estão podres, mas há mais a amadurecer nas prateleiras e que podem trazer melhores proveitos e aumentar o rácio do PIB do nosso corpo. Dele saem ideias e a partir destas, a nova forma de pagar ao merceeiro os caviares que outrora comprámos e nunca pagámos.

Resumindo, e trazendo-vos da twilight zona para a realidade: Aumentar a idade (mínima e máxima) da reforma dos trabalhadores não trará nada de bom para o país - os centros de emprego irão ficar mais cheios de gente nova que um metro em hora de ponta na China, as ideias sairão das mesmas mentes brilhantes que nos ajudaram a pôr onde estamos e... o preço a pagar é o mesmo, já que os custos com as reformas seriam iguais ou superiores àqueles que se pagarão no futuro e, da maneira que se vai acumulando a carga de desincentivos ao crescimento, não haverá mais dinheiro para compensar as... bananas descascadas.

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