segunda-feira, 11 de março de 2013
"Um homem não é uma ilha"
Foram 2 anos numa ilha partilhada. Ele e a companheira eram felizes e não se importavam com os continentes que se iam afastando gradualmente. O sol, a ausência de nuvens no horizonte fazia-os sentir bem e não quiseram saber da possibilidade de uma tempestade que tornasse a ilha inabitável ou da possibilidade de aguaceiros. Ela construiu a jangada, e pediu-lhe para dar o salto. Ele não quis e foi ficando, sozinho.
Quando viu que era impossível um homem existir sozinho e que a ilha se tornara demasiado pequena para ele ao ponto de precisar de ajuda dos continentais.
Procurou-a e só teve mais dor: descobriu que o tempo passado enquanto pessoa do continente não serviu para nada, e que contou mais para a consideração dos outros o que se falava dele do que o legado que ele tinha.
Armou laços que julgou inquebráveis, mas quem ele quis contactar... já não lá estava.
Sofre, desespera pela não-correspondencia nos laços e contactos que criou, primeiro, mas quando racionaliza apercebe-se: este é o primeiro passo rumo à continentalização. Dói, é estranho, mas é a maneira mais efectiva de apanhar os destroços e reerguer o seu império.
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sábado, 9 de março de 2013
"(...) In Too Deep"
Não mergulhes de cabeça naquela piscina cheia de acessórios onde flutuam pensamentos, memórias, imagens, cheiros, sons e texturas que viveste. Arriscas-te a ficar viciado nela, passas a tentar percebê-la, mas nunca irás conseguir porque ninguém na história do universo conseguiu tamanha proeza e acredita que toda a gente tem o seu próprio pedaço de água.
Molha os pés, olha para ela, lava a cara se tiver de ser, mas não ouses mergulhar num mundo que vai para além do teu entendimento. Não te desculpes com salvamentos, porque nada se afoga lá a não ser o que não é necessário. Deixa o ecossistema alimentar-se, deixa a água mover-se conforme lhe convém e não te preocupes com o que os outros vêem nela porque se assim fizeres passas a ver o reflexo deles em vês do teu quando procuras a tua personalidade no meio da imensidão dessas profundezas.
Não te iludas, a piscina dos outros é muito melhor. Tudo o que vem à tona, todas as coisas que eles mostram é só o que se quer mostrar e não o que existe lá dentro... porque todos têm podres, pensamentos e ideias parvas, todos já tentaram mergulhar e todos sabem do quão longe querem ir nas suas piscinas.
Acredita, o melhor é ficares na berma. Se mergulhares numa vida, mergulha na dos outro e vive por eles em vez de te focares em ti mesmo. Faz deles os teus objectivos, e podes fazer de conta que é esse o legado que estás a construir. A probabilidade de os entenderes a eles é a mesma de te entenderes a ti mesmo, ajuda-te a fugir à tentação de olhares para a tua piscina e ainda a consegues enfeitar de forma a que a estimem... nem que seja mais do que tu mesmo.
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Aleatoriedades #1
O silêncio por detrás, o barulho para lá das varandas envidraçadas que protegem a casa do frio e da chuva. O abrigo ao desconforto, de onde se observa o mundo em movimento... um táxi passa a alta velocidade. Numa madrugada de quarta-feira, alguém terá compromissos com outrém. Alguém chegou levo o desgaste do trabalho para casa, contou o pouco que sobrou e deixou-o no frasco a que chama banco, só para ter de o assaltar minutos para pagar mais deslocações depois por caprichos da cara-metade, por alguém estar mal ou simplesmente porque a presença dessa pessoa é urgente. Os trocos já não vão servir para uma nata junto ao café de manhã de amanhã, e o dia tornará a acordar escuro e sem lhe querer dar um sorriso que seja. O tabaco do bom já não vai ser fumado (a velha mortalha de papel de arroz e servirá de aconchego a um tabaco lá instalado), e os trocos serviram para servir... outros.
domingo, 23 de dezembro de 2012
"Ai se el(a) cai(...)"
E chegamos a isto: um Sábado à noite de Inverno, eu com os auscultadores e apenas a tinta virtual para me consolar e ela com o barulho das luzes sobre uma cabeça indiferente ao meu apelo - bom eufemismo para imposição - para ela calçar os meus sapatos e andar como eu ando.
Não são uns sapatos quaisquer.
Deixei e confiei que ela me apertasse os cordões da forma que ela entendesse melhor. Sabia que não os ia deixar soltos ao ponto de tropeçar na nossa caminhada, nem muito apertados de forma a atrofiar-me a caminhada, afinal caminhávamos juntos e de mão dada por uma longa estrada cheia de promessas.
Mas ela deixou folga no nó de um lado, e apertou com força do outro. Fez-me tropeçar na vida, e não foram só os sapatos a cair, foi o peso do meu corpo.
Ela ergueu-me, fingiu que a culpa não era dela. Afinal a ordem fora dada por mim, e a confiança entregue da minha parte para ela. Dei-lhe ordem para me orientar... mas teve de correr enquanto fiquei imóvel.
Agora, mesmo ferido e com andar manco, tento correr e alcançá-la quando ela já vai longe rumo à vida prometida. Choca com realidades diferentes, nos cruzamentos onde antes já passei rumo ao sítio onde ela está. Mas estou longe. Há engarrafamento de emoções, buzinadelas que soam a gritos de socorro, onde estou... não os consigo evitar!
Não porque tenho os sapatos cheios de merda, não porque me fizeste tropeçar... mas apenas porque não quero que o meu amor caia, volte atrás, onde há trânsito e sinais de stop por todo o lado.
Não são uns sapatos quaisquer.
Deixei e confiei que ela me apertasse os cordões da forma que ela entendesse melhor. Sabia que não os ia deixar soltos ao ponto de tropeçar na nossa caminhada, nem muito apertados de forma a atrofiar-me a caminhada, afinal caminhávamos juntos e de mão dada por uma longa estrada cheia de promessas.
Mas ela deixou folga no nó de um lado, e apertou com força do outro. Fez-me tropeçar na vida, e não foram só os sapatos a cair, foi o peso do meu corpo.
Ela ergueu-me, fingiu que a culpa não era dela. Afinal a ordem fora dada por mim, e a confiança entregue da minha parte para ela. Dei-lhe ordem para me orientar... mas teve de correr enquanto fiquei imóvel.
Agora, mesmo ferido e com andar manco, tento correr e alcançá-la quando ela já vai longe rumo à vida prometida. Choca com realidades diferentes, nos cruzamentos onde antes já passei rumo ao sítio onde ela está. Mas estou longe. Há engarrafamento de emoções, buzinadelas que soam a gritos de socorro, onde estou... não os consigo evitar!
Não porque tenho os sapatos cheios de merda, não porque me fizeste tropeçar... mas apenas porque não quero que o meu amor caia, volte atrás, onde há trânsito e sinais de stop por todo o lado.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
"... and a serial killer"
Após ver o último episódio da série 6 de Dexter, resolvi mergulhar na aldeia global em busca de opiniões relativamente à mesma e ao final do último episódio. Não fui muito fundo, com receio de afogar as memórias do que acabara de ver e ser influenciado por outras opiniões, de gente que sabe do que fala.
Contudo, sei que qualquer show televisivo não é feito exclusivamente para os críticos, mas também para o público em geral, onde me insiro, e será sempre partindo dessa condição (mero espectador) que esses mesmo críticos fazem os seus julgamentos. Só mais tarde se aplica o filtro dos gostos pessoais (calculo) e, raros casos (gosto de acreditar), do caché que receberam (ou não) para dizerem bem ou mal do show televisivo que viram..
Assim, parto para esta "crítica" como espectador atento e assíduo da série. Não como crítico, porque pode haver toque de pessoalidade na análise e ninguém me pagou para dizer o que quer que fosse em relação à mesma.
Penso que quem esperava um regresso às raízes de Dexter, não ficou desapontado. Isso aconteceu, pese embora o filho (lá arranjaram uma babysitter para o miúdo de forma a deixarem o pai matar pessoas)... que creio não ter sido "desejado" pelos autores da série, já que vem trazer mais problemas à história (como esta limitação do personagem principal) do que benefícios (arranjar motivos para esta se prolongar). Por vezes é melhor não mexer, e a entrada de Harrisson põe sorrisos e companhia na cara de um serial killer que nos habituámos e nos convencionámos a ver sozinho. Acho que parte daí a essência dele. Mas pondo de parte este enorme parênteses da presença de um filho e ainda de uma babysitter para cuidar dele que nunca desconfia do excesso de trabalho do patrão (que, por acaso, é colega de um irmão seu) e que até parece ter pouca vida para além de cuidar do seu miúdo; o episódio em que Dexter vai ao Nebraska para matar o Trinity Jr., e se acompanha da "sombra" e da "voz" do seu irmão biológico (o seu "vilão" na série 1), e ainda o episódio em que mata uma das suas Superstars de infância, bem como a presença mais assídua da "sombra e voz" do seu pai acabam por pesar a favor da balança das origens. Assim como traz à tona uma questão que já deveria ter intrigado muita gente que acompanha a série: como seria Dexter sem ter sido preparado para matar más pessoas apenas? Como seria o nosso personagem principal sem ser preparado para matar, de todo?
Quanto ao vilão, acho que foi dos que mais espectacularidade trouxe à série pelas imagens aterradoras que foi protagonizando. É certo que o actor que desempenha esse papel terá constituído um erro de casting, mas o que o envolvia era maior do que ele, e as imagens de que falei num post anterior a este e algumas que se seguiram, são sem dúvida, impressionantes e mais aterrorizadoras do que qualquer coisa que se tenha feito na série, com excepção da violência "psicológica" da morte da mulher de Dexter. Houve carnificina, houve um fanático religioso que protagonizou alguns twists and turns de deixar cair o queixo... e que não desiludiram aos habituées da série. Há, também alguns defeitos, para além do referido mau desempenho do ator que desempenhou o papel de mau da fita: reside no tardio aparecimento da dupla personalidade ou, se quisermos, do dark passanger do mesmo e ainda das "lacunas" da Miami Metro Police (departamento onde trabalha Dexter) para o apanhar. Contudo, acho que todas as cenas de espectacularidades que brindaram alguns finais de episódio têm peso para compensar estas falhas.
Quanto às histórias secundárias: 1. delicioso o envolvimento de Debra com uma psiquiatra após sair ferida de um tiroteio, e tudo o que traz consigo: a sátira (terei sido o unico a reparar?) a quem procura psiquiatras por tudo e por nada quando há gente que precisa mais por problemas muitíssimo mais complexos (conheçam o que a personagem passou e verão) e ainda o início da aceitação pelo amor (sexualmente falando, sim) que nutre pelo irmão adoptivo. É uma atracção legítima, e facilmente perceptível por quem chegou a ler, por exemplo, Freud.
2. A aparição de Brother Sam, o aparecer de um amigo de Dexter. É de pesar o contrasenso de um serial killer ter amigos, mas a performance do actor é muítissimo ternurenta e roça mesmo a "coolness"... e falo de uma personagem religiosa.
3. O começo de uma nova rivalidade com Louis, o assistente de Masuka, um génio de videojogos que parece permanecer com a personalidade incógnita, mas que promete vir a revelar-se numa próxima série e com boas perspectivas (rivalidade com Dexter iminente)
O final: não o irei revelar, mas foi brilhante mais uma vez e ao contrário do final da série anterior (o único que não me fez cair o queixo) abriu portas e janelas a questões. Quero acreditar que nada é feito por acaso e que a cena final da temporada anterior será detalhadamente explicada e resolvida. Assim como o amor de irmãos, correspondido ou não.
Em suma: Voltou-se às origens da personagem e todas as falhas que pudessem haver foram compensadas por rasgos de genialidade. A opinião da crítica, parece-me, é generalmente má. É natural que haja saturação e saudosismo, mas eu opino de forma diferente.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
"He's ready"
Fruto de vários problemas que tenho tido, aceitei a sugestão de alguém que me é muítissimo querido e cheguei-me à Palavra de Deus, à Bíblia, e é algo que me conforta, que me acalma... algo que aconselho a toda gente, crentes ou não crentes.
Perante isto, e perante a minha maior disponibilidade de abraçar uma entidade acima de todas as outra e de acreditar em Suas palavras mais que nas dos outros, vejo-me mais seguro e com princípios mais claros. Contudo, creio que ainda sou capaz de reconhecer a grandiosidade dos homens, pertençam eles a que religião fôr e elaborem o que quer que seja... nem que me digam que estou errado por isto ou aquilo. Sou capaz de admirar isso, sem prescindir das minhas convicções e das minhas crenças.
Assim, fiquei encantado com a genialidade dos produtores de Dexter, ontem, ao ver os episódios 4 e 5, nomeadamente o final destes, que são simplesmente arrepiantes, e que mostram o lado mais negro e, possivelmente, errado das crenças inabaláveis, isto é, do fanatismo religioso. A saber: quatro cavalos a deambularem pelas ruas de Miami "montados" (colados) por 4 manequins atados a partes do corpo de um cadáver (distribuídas por esses mesmos manequins) no 4º e uma rapariga viva, crucificada, que seria vítima de um engenho sensível ao toque que a iria matar e que transformaria os seus "braços" em asas de um anjo, complementando-se esta espectacularidade com um conjunto de gafanhotos a sair de um armário que se encontrava na mesma sala.
Poderei estar mais sensível a estas coisas, mas sei bem avaliar um episódio de Dexter, uma série que sempre acompanhei com atenção. E os dois últimos finais, apesar da entrada na rotina habitual dos episódios (o protagonista mata uma pessoa por episódio, acompanhado-se a história, sempre paralela. do "inimigo"), foram qualquer coisa de escandalosamente geniais.
Aconselho vivamente esta última temporada pela sua espectacularidade, assim como as anteriores. Estes episódios, e os anteriores levaram-me a partilhar coisas que precisam de ser partilhadas, coisas que dão que falar, seja-se o que se fôr (religiosamente, políticamente...).
quinta-feira, 24 de maio de 2012
"United, we stand"
Eram por volta das 11 da manhã de ontem quando se soube, directamente de Óbidos, que a convocatória da Selecção Nacional para o Euro 2012 tinha sido alterada. Carlos Martins, devido a lesão muscular, não irá marcar presença no próximo Europeu e será substituído por Hugo Viana, jogador do Sp. Braga em grande destaque na liga portuguesa e que contava com uma legião de fãs que desejavam, aliás, exigiam! que este estivesse presente na convocatória de Paulo Bento. Algumas delas, figuras conhecidas da praça do desporto.
Confesso que não fazia parte desse lote de pessoas, mas aceitaria a convocatória do jogador do Sp. Braga. Afinal fez uma época excelente ao serviço do seu clube, e oferece qualidades como excelência nas movimentações defesa-ataque, precisão no passe longo e facilidade na meia distância... tudo isto aliado à excelente visão de jogo do atleta, cada vez mais apurada devido à "tarimba" que foi ganho ao longo da década de carreira que já leva nas costas. Sem dúvida que são atributos mais valiosos para um meio-campo que, por exemplo, aqueles que Rúben Micael oferece... ou até mesmo Carlos Martins!
Mas há um (pequeno) problema: Portugal não privilegia o jogo directo, como faz o Sp. Braga e só consigo mesmo vislumbrar o jogo com a Holanda (dos "garantidos) como útil para exploração de lançamentos compridos para as costas dos laterais adversários... e teríamos João Moutinho, ou mesmo o excluído Manuel Fernandes para tentar aproveitar essa "brecha"! Ou seja, considero facilmente aceitável as declarações de Paulo Bento quando afirma que Hugo Viana "tem qualidade" mas não "encaixa no nosso plano de jogo"...
... assim como aceito o facto de o ter chamado para substituir Martins. Afinal, e mesmo que não jogue, Viana empresta ao grupo experiência e competitividade que podem ser usadas com beneficio do mesmo; da mesma maneira que é também um ponto final no que poderia haver de desestabilizarão por alguma injustiça que pudesse haver.
Em suma, apoio Paulo Bento nas decisões que tomou. Posso criticá-lo, e não teria problema em fazê-lo porque tenho noção da dimensão reduzida do número de leitores deste blogue [apesar de prever uma mudança neste aspecto] e sei que entre eles não se incluirá nenhum jogador da selecção portuguesa ou alguma pessoa influenciável/passível de escrever/fazer algo, subscrevendo o que escrevo! Sei que o que escrevo não irá, portanto, ter influência no grupo de trabalho nem nas decisões do técnico.
Contudo, vozes que são respeitadas, como a de Rui Santos, jornalista da SIC Notícias, têm um eco maior no que às suas opiniões diz respeito. E há muita gente a concordar com ele, simplesmente porque é alguém que vêm todos os Domingos na Televisão, num programa em que é protagonista e onde diz algumas coisas acertadas. Ou seja, um texto inteiro dele, ou mesmo só uma pequena "nota" poderão ter influência em pessoas que compram esses mesmo jornais e a quem os "redactores" querem agradar por sentirem a necessidade de polémica, que alimenta o lucro. E quanto maior ele fôr em razão da polémica, maior é a desestabilização da instituição visada.
Assim, pelo escrito acima, considero condenável a afirmação "Agora Hugo Viana já se enquadra no futebol praticado pela Selecção Nacional?" que publicou no Record, assim como a de dois editores-chefe da redação deste jornal: José Ribeiro afirmou que "Talvez o seleccionador tenha aproveitado a oportunidade para corrigir o tiro" e António Varela (um senhor com opiniões a favor da polémica e que leio sempre com muitíssimas reservas) questionou a ausência de Manuel Fernandes e ainda viu esta entrada de Viana como uma "mudança de opinião sem sentido"!
Creio que falo por todos os portugueses (incluindo estes, vou acreditar), ao dizer que quero uma prestação notável da Selecção Nacional no Euro2012 e com muitas alegrias. Para que tal aconteça, é preciso unir-nos em torno desta, apoiar decisões ou remates ao lado ou perdas de bola a meio-campo! São situações que podem ser corrigidas e que terão menos probabilidades de acontecer se não se agigantarem vozes contra equipa e direcção técnica.
Haja apoio e confiança, e deixe-se toda a quezília de lado. Deixem-se as críticas para o fim, e unam-se as gentes e os seus escritos pelo bem das alegrias que podemos vir a ter com o desempenho da Selecção no Euro 2012. Abaixar canhões de guerra (principalmente os dos mais poderosos) é o primeiro passo para a presença/contributo na história de um desempenho notável.
Confesso que não fazia parte desse lote de pessoas, mas aceitaria a convocatória do jogador do Sp. Braga. Afinal fez uma época excelente ao serviço do seu clube, e oferece qualidades como excelência nas movimentações defesa-ataque, precisão no passe longo e facilidade na meia distância... tudo isto aliado à excelente visão de jogo do atleta, cada vez mais apurada devido à "tarimba" que foi ganho ao longo da década de carreira que já leva nas costas. Sem dúvida que são atributos mais valiosos para um meio-campo que, por exemplo, aqueles que Rúben Micael oferece... ou até mesmo Carlos Martins!
Mas há um (pequeno) problema: Portugal não privilegia o jogo directo, como faz o Sp. Braga e só consigo mesmo vislumbrar o jogo com a Holanda (dos "garantidos) como útil para exploração de lançamentos compridos para as costas dos laterais adversários... e teríamos João Moutinho, ou mesmo o excluído Manuel Fernandes para tentar aproveitar essa "brecha"! Ou seja, considero facilmente aceitável as declarações de Paulo Bento quando afirma que Hugo Viana "tem qualidade" mas não "encaixa no nosso plano de jogo"...
... assim como aceito o facto de o ter chamado para substituir Martins. Afinal, e mesmo que não jogue, Viana empresta ao grupo experiência e competitividade que podem ser usadas com beneficio do mesmo; da mesma maneira que é também um ponto final no que poderia haver de desestabilizarão por alguma injustiça que pudesse haver.
Em suma, apoio Paulo Bento nas decisões que tomou. Posso criticá-lo, e não teria problema em fazê-lo porque tenho noção da dimensão reduzida do número de leitores deste blogue [apesar de prever uma mudança neste aspecto] e sei que entre eles não se incluirá nenhum jogador da selecção portuguesa ou alguma pessoa influenciável/passível de escrever/fazer algo, subscrevendo o que escrevo! Sei que o que escrevo não irá, portanto, ter influência no grupo de trabalho nem nas decisões do técnico.
Contudo, vozes que são respeitadas, como a de Rui Santos, jornalista da SIC Notícias, têm um eco maior no que às suas opiniões diz respeito. E há muita gente a concordar com ele, simplesmente porque é alguém que vêm todos os Domingos na Televisão, num programa em que é protagonista e onde diz algumas coisas acertadas. Ou seja, um texto inteiro dele, ou mesmo só uma pequena "nota" poderão ter influência em pessoas que compram esses mesmo jornais e a quem os "redactores" querem agradar por sentirem a necessidade de polémica, que alimenta o lucro. E quanto maior ele fôr em razão da polémica, maior é a desestabilização da instituição visada.
Assim, pelo escrito acima, considero condenável a afirmação "Agora Hugo Viana já se enquadra no futebol praticado pela Selecção Nacional?" que publicou no Record, assim como a de dois editores-chefe da redação deste jornal: José Ribeiro afirmou que "Talvez o seleccionador tenha aproveitado a oportunidade para corrigir o tiro" e António Varela (um senhor com opiniões a favor da polémica e que leio sempre com muitíssimas reservas) questionou a ausência de Manuel Fernandes e ainda viu esta entrada de Viana como uma "mudança de opinião sem sentido"!
Creio que falo por todos os portugueses (incluindo estes, vou acreditar), ao dizer que quero uma prestação notável da Selecção Nacional no Euro2012 e com muitas alegrias. Para que tal aconteça, é preciso unir-nos em torno desta, apoiar decisões ou remates ao lado ou perdas de bola a meio-campo! São situações que podem ser corrigidas e que terão menos probabilidades de acontecer se não se agigantarem vozes contra equipa e direcção técnica.
Haja apoio e confiança, e deixe-se toda a quezília de lado. Deixem-se as críticas para o fim, e unam-se as gentes e os seus escritos pelo bem das alegrias que podemos vir a ter com o desempenho da Selecção no Euro 2012. Abaixar canhões de guerra (principalmente os dos mais poderosos) é o primeiro passo para a presença/contributo na história de um desempenho notável.