
Ao longo do presente campeonato de futebol nacional, fui acompanhando, por amor à leitura e ao desporto, com atenção, as crónicas que eram escritas em vários jornais desportivos à cerca do estado do mesmo. Especialmente a partir do Benfica-FC Porto de Dezembro do ano passado.
Desde aí, como é natural, cada cronista puxou a brasa à sua sardinha. Os portistas reclamavam, os benfiquistas ou respondiam ou deixavam passar. Miguel Sousa Tavares pareceu-me o mais inconformado com todo o processo de julgamento aos jogadores do FC Porto pelos incidentes do túnel da luz, concebendo teorias que punham em causa a dignidade da instituição lisboeta- ligando-a a intenções deploráveis no caso (alegando uma premeditação das ocorrências entre os stewards e o Benfica). Foi, também, disparando farpas na direcção da Comissão Disciplinar na Liga relativamente à lentidão com que o processo de julgamento de Hulk e Sapunaru se foi desenrolando.
Rui Moreira, outro adepto fervoroso do FC Porto e cronista de "A Bola", apresentou mesmo um livro (escrito por João Queiroz), intitulado "O caso Calabote", que retrata um presumível favorecimento ao Benfica num célebre Benfica-CUF datado da época... 1958/1959!
Ricardo Costa, presidente da CD da Liga, passado 3 meses, concluiu o processo do "túnel da luz", e, numa conferência de imprensa, destacou, entre outras coisas, a rapidez do mesmo - um dos mais rápidos sobre a sua alçada! Revelou que a pena aplicada a Hulk seria a mínima (ou seja 3 meses), e que, de facto, houve provocações por parte dos stewards.
O jogador é expulso por agredir um agente desportivo, e é alvo de suspensão por apenas 4 meses enquanto que Vandinho, do Sp.Braga, agride um jogador, não fica comprovado, e é alvo da mesma sanção...? Ora, basta dizer que Hulk é influente numa equipa cujo presidente é influente noutras áreas e que já houve muitos "roubos de igreja" para compreender a celeridade do processo do túnel da luz.
O mais anedótico é que os adeptos portistas ainda se queixam, e chegam ao ridículo de apontar esta suspensão como uma ajuda ao Benfica, revelando uma incrível falta de desportivismo: faz-se tudo para contornar o reconhecimento do mérito do adversário, que apresenta resultados francamente notáveis.
Esta é a "educação" de adeptos mimados por favorecimentos descarados ao longo da década. E a minha tese comprova-se: "As arbitragens não têm ajudado" disse Bruno Alves, capitão do FC Porto... esperava-se o quê? Que ajudassem?
Já se reconheceu que o Benfica está mais forte, e toda a pequena ajuda de bastidores dada ao FC Porto será sempre insuficiente perante tal grandeza. A insuficiência dos seus "velhos recursos" leva à frustração e ao refúgio num sítio abrigado dos adeptos e responsáveis portistas: anti-benfiquismo.
Leva-me à triste conclusão: não querem ser campeões, só querem que os inimigos deixem de o ser. E o FC Porto-Sp. Braga desta noite poderá apresentar resultados curiosos quanto a isso mesmo. Ficarei a ver.