domingo, 23 de dezembro de 2012

"Ai se el(a) cai(...)"

E chegamos a isto: um Sábado à noite de Inverno, eu com os auscultadores e apenas a tinta virtual para me consolar e ela com o barulho das luzes sobre uma cabeça indiferente ao meu apelo - bom eufemismo para imposição - para ela calçar os meus sapatos e andar como eu ando.

Não são uns sapatos quaisquer.
Deixei e confiei que ela me apertasse os cordões da forma que ela entendesse melhor. Sabia que não os ia deixar soltos ao ponto de tropeçar na nossa caminhada, nem muito apertados de forma a atrofiar-me a caminhada, afinal caminhávamos juntos e de mão dada por uma  longa estrada cheia de promessas. 
Mas ela deixou folga no nó de um lado, e apertou com força do outro. Fez-me tropeçar na vida, e não foram só os sapatos a cair, foi o peso do meu corpo.
 Ela ergueu-me, fingiu que a culpa não era dela. Afinal a ordem fora dada por mim, e a confiança entregue da minha parte para ela. Dei-lhe ordem para me orientar... mas teve de correr enquanto fiquei imóvel.

Agora, mesmo ferido e com andar manco, tento correr e alcançá-la quando ela já vai longe rumo à vida prometida. Choca com realidades diferentes, nos cruzamentos onde antes já passei rumo ao sítio onde ela está. Mas estou longe. Há engarrafamento de emoções, buzinadelas que soam a gritos de socorro, onde estou... não os consigo evitar!

Não porque tenho os sapatos cheios de merda, não porque me fizeste tropeçar... mas apenas porque não quero que o meu amor caia, volte atrás, onde há trânsito e sinais de stop por todo o lado.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"... and a serial killer"



Após ver o último episódio da série 6 de Dexter, resolvi mergulhar na aldeia global em busca de opiniões relativamente à mesma e ao final do último episódio. Não fui muito fundo, com receio de afogar as memórias do que acabara de ver e ser influenciado por outras opiniões, de gente que sabe do que fala.

Contudo, sei que qualquer show televisivo não é feito exclusivamente para os críticos, mas também para o público em geral, onde me insiro, e será sempre partindo dessa condição (mero espectador) que esses mesmo críticos fazem os seus julgamentos. Só mais tarde se aplica o filtro dos gostos pessoais (calculo) e, raros casos (gosto de acreditar), do caché que receberam (ou não) para dizerem bem ou mal do show televisivo que viram..

Assim, parto para esta "crítica" como espectador atento e assíduo da série. Não como crítico, porque pode haver toque de pessoalidade na análise e ninguém me pagou para dizer o que quer que fosse em relação à mesma.



Penso que quem esperava um regresso às raízes de Dexter, não ficou desapontado. Isso aconteceu, pese embora o filho (lá arranjaram uma babysitter para o miúdo de forma a deixarem o pai matar pessoas)... que creio não ter sido "desejado" pelos autores da série, já que vem trazer mais problemas à história (como esta limitação do personagem principal) do que benefícios (arranjar motivos para esta se prolongar). Por vezes é melhor não mexer, e a entrada de Harrisson põe sorrisos e companhia na cara de um serial killer que nos habituámos e nos convencionámos a ver sozinho. Acho que parte daí a essência dele. Mas pondo de parte este enorme parênteses da presença de um filho e ainda de uma babysitter para cuidar dele que nunca desconfia do excesso de trabalho do patrão (que, por acaso, é colega de um irmão seu) e que até parece ter pouca vida para além de cuidar do seu miúdo; o episódio em que Dexter vai ao Nebraska para matar o Trinity Jr., e se acompanha da "sombra" e da "voz" do seu irmão biológico (o seu "vilão" na série 1), e ainda o episódio em que mata uma das suas Superstars de infância, bem como a presença mais assídua da "sombra e voz" do seu pai acabam por pesar a favor da balança das origens. Assim como traz à tona uma questão que já deveria ter intrigado muita gente que acompanha a série: como seria Dexter sem ter sido preparado para matar más pessoas apenas? Como seria o nosso personagem principal sem ser preparado para matar, de todo?

Quanto ao vilão, acho que foi dos que mais espectacularidade trouxe à série pelas imagens aterradoras que foi protagonizando. É certo que o actor que desempenha esse papel terá constituído um erro de casting, mas o que o envolvia era maior do que ele, e as imagens de que falei num post anterior a este e algumas que se seguiram, são sem dúvida, impressionantes e mais aterrorizadoras do que qualquer coisa que se tenha feito na série, com excepção da violência "psicológica" da morte da mulher de Dexter. Houve carnificina, houve um fanático religioso que protagonizou alguns twists and turns de deixar cair o queixo... e que não desiludiram aos habituées da série. Há, também alguns defeitos, para além do referido mau desempenho do ator que desempenhou o papel de mau da fita: reside no tardio aparecimento da dupla personalidade ou, se quisermos, do dark passanger do mesmo e ainda das "lacunas" da Miami Metro Police (departamento onde trabalha Dexter) para o apanhar. Contudo, acho que todas as cenas de espectacularidades que brindaram alguns finais de episódio têm peso para compensar estas falhas.

Quanto às histórias secundárias: 1. delicioso o envolvimento de Debra com uma psiquiatra após sair ferida de um tiroteio, e tudo o que traz consigo: a sátira (terei sido o unico a reparar?) a quem procura psiquiatras por tudo e por nada quando há gente que precisa mais por problemas muitíssimo mais complexos (conheçam o que a personagem passou e verão) e ainda o início da aceitação pelo amor (sexualmente falando, sim) que nutre pelo irmão adoptivo. É uma atracção legítima, e facilmente perceptível por quem chegou a ler, por exemplo, Freud.

2. A aparição de Brother Sam, o aparecer de um amigo de Dexter. É de pesar o contrasenso de um serial killer ter amigos, mas a performance do actor é muítissimo ternurenta e roça mesmo a "coolness"... e falo de uma personagem religiosa.

3. O começo de uma nova rivalidade com Louis, o assistente de Masuka, um génio de videojogos que parece permanecer com a personalidade incógnita, mas que promete vir a revelar-se numa próxima série e com boas perspectivas (rivalidade com Dexter iminente)

O final: não o irei revelar, mas foi brilhante mais uma vez e ao contrário do final da série anterior (o único que não me fez cair o queixo) abriu portas e janelas a questões. Quero acreditar que nada é feito por acaso e que a cena final da temporada anterior será detalhadamente explicada e resolvida. Assim como o amor de irmãos, correspondido ou não.

Em suma: Voltou-se às origens da personagem e todas as falhas que pudessem haver foram compensadas por rasgos de genialidade. A opinião da crítica, parece-me, é generalmente má. É natural que haja saturação e saudosismo, mas eu opino de forma diferente.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

"He's ready"


Fruto de vários problemas que tenho tido, aceitei a sugestão de alguém que me é muítissimo querido e  cheguei-me à Palavra de Deus, à Bíblia, e é algo que me conforta, que me acalma... algo que aconselho a toda gente, crentes ou não crentes.
Perante isto, e perante a minha maior disponibilidade de abraçar uma entidade acima de todas as outra e de acreditar em Suas palavras mais que nas dos outros, vejo-me mais seguro e com princípios mais claros. Contudo, creio que ainda sou capaz de reconhecer a grandiosidade dos homens, pertençam eles a que religião fôr e elaborem o que quer que seja... nem que me digam que estou errado por isto ou aquilo. Sou capaz de admirar isso, sem prescindir das minhas convicções e das minhas crenças.

Assim, fiquei encantado com  a genialidade dos produtores de Dexter, ontem, ao ver os episódios 4 e 5, nomeadamente o final destes, que são simplesmente arrepiantes, e que mostram o lado mais negro e, possivelmente, errado das crenças inabaláveis, isto é, do fanatismo religioso. A saber: quatro cavalos a deambularem pelas ruas de Miami "montados" (colados) por 4 manequins atados a partes do corpo de um cadáver (distribuídas por esses mesmos manequins) no 4º e uma rapariga viva, crucificada, que seria vítima de um engenho sensível ao toque que a iria matar e que transformaria os seus "braços" em asas de um anjo, complementando-se esta espectacularidade com um conjunto de gafanhotos a sair de um armário que se encontrava na mesma sala.

 Poderei estar mais sensível a estas coisas, mas sei bem avaliar um episódio de Dexter, uma série que sempre acompanhei com atenção. E os dois últimos finais, apesar da entrada na rotina habitual dos episódios (o protagonista mata uma pessoa por episódio, acompanhado-se a história, sempre paralela. do "inimigo"), foram qualquer coisa de escandalosamente geniais.

Aconselho vivamente esta última temporada pela sua espectacularidade, assim como as anteriores. Estes episódios, e os anteriores levaram-me a partilhar coisas que precisam de ser partilhadas, coisas que dão que falar, seja-se o que se fôr (religiosamente, políticamente...).

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"United, we stand"

Eram por volta das 11 da manhã de ontem quando se soube, directamente de Óbidos, que a convocatória da Selecção Nacional para o Euro 2012 tinha sido alterada. Carlos Martins, devido a lesão muscular, não irá marcar presença no próximo Europeu e será substituído por Hugo Viana, jogador do Sp. Braga em grande destaque na liga portuguesa e que contava com uma legião de fãs que desejavam, aliás, exigiam! que este estivesse presente na convocatória de Paulo Bento. Algumas delas, figuras conhecidas da praça do desporto.

 Confesso que não fazia parte desse lote de pessoas, mas aceitaria a convocatória do jogador do Sp. Braga. Afinal fez uma época excelente ao serviço do seu clube, e oferece qualidades como excelência nas movimentações defesa-ataque, precisão no passe longo e facilidade na meia distância... tudo isto aliado à excelente visão de jogo do atleta, cada vez mais apurada devido à "tarimba" que foi ganho ao longo da década de carreira que já leva nas costas. Sem dúvida que são atributos mais valiosos para um meio-campo que, por exemplo, aqueles que Rúben Micael oferece... ou até mesmo Carlos Martins!

 Mas há um (pequeno) problema: Portugal não privilegia o jogo directo, como faz o Sp. Braga e só consigo mesmo vislumbrar o jogo com a Holanda (dos "garantidos) como útil para exploração de lançamentos compridos para as costas dos laterais adversários... e teríamos João Moutinho, ou mesmo o excluído Manuel Fernandes para tentar aproveitar essa "brecha"! Ou seja, considero facilmente aceitável as declarações de Paulo Bento quando afirma que Hugo Viana "tem qualidade" mas não "encaixa no nosso plano de jogo"...

 ... assim como aceito o facto de o ter chamado para substituir Martins. Afinal, e mesmo que não jogue, Viana empresta ao grupo experiência e competitividade que podem ser usadas com beneficio do mesmo; da mesma maneira que é também um ponto final no que poderia haver de desestabilizarão por alguma injustiça que pudesse haver.

 Em suma, apoio Paulo Bento nas decisões que tomou. Posso criticá-lo, e não teria problema em fazê-lo porque tenho noção da dimensão reduzida do número de leitores deste blogue [apesar de prever uma mudança neste aspecto] e sei que entre eles não se incluirá nenhum jogador da selecção portuguesa ou alguma pessoa influenciável/passível de escrever/fazer algo, subscrevendo o que escrevo! Sei que o que escrevo não irá, portanto, ter influência no grupo de trabalho nem nas decisões do técnico.

 Contudo, vozes que são respeitadas, como a de Rui Santos, jornalista da SIC Notícias, têm um eco maior no que às suas opiniões diz respeito. E há muita gente a concordar com ele, simplesmente porque é alguém que vêm todos os Domingos na Televisão, num programa em que é protagonista e onde diz algumas coisas acertadas. Ou seja, um texto inteiro dele, ou mesmo só uma pequena "nota" poderão ter influência em pessoas que compram esses mesmo jornais e a quem os "redactores" querem agradar por sentirem a necessidade de polémica, que alimenta o lucro. E quanto maior ele fôr em razão da polémica, maior é a desestabilização da instituição visada.

 Assim, pelo escrito acima, considero condenável a afirmação "Agora Hugo Viana já se enquadra no futebol praticado pela Selecção Nacional?" que publicou no Record, assim como a de dois editores-chefe da redação deste jornal: José Ribeiro afirmou que "Talvez o seleccionador tenha aproveitado a oportunidade para corrigir o tiro" e António Varela (um senhor com opiniões a favor da polémica e que leio sempre com muitíssimas reservas) questionou a ausência de Manuel Fernandes e ainda viu esta entrada de Viana como uma "mudança de opinião sem sentido"!

 Creio que falo por todos os portugueses (incluindo estes, vou acreditar), ao dizer que quero uma prestação notável da Selecção Nacional no Euro2012 e com muitas alegrias. Para que tal aconteça, é preciso unir-nos em torno desta, apoiar decisões ou remates ao lado ou perdas de bola a meio-campo! São situações que podem ser corrigidas e que terão menos probabilidades de acontecer se não se agigantarem vozes contra equipa e direcção técnica.

 Haja apoio e confiança, e deixe-se toda a quezília de lado. Deixem-se as críticas para o fim, e unam-se as gentes e os seus escritos pelo bem das alegrias que podemos vir a ter com o desempenho da Selecção no Euro 2012. Abaixar canhões de guerra (principalmente os dos mais poderosos) é o primeiro passo para a presença/contributo na história de um desempenho notável.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"(...) Black boys and white boys holding hands together"

Fazia uma coisa, falhava, fazia outra falhava também. Queria ir ao encontro de outras coisas em que o sucesso parecia fácil, e a sensação ou era de falta de auto-reconhecimento ou de falhanço redudante porque pouco teria a ganhar e muito teria a perder. Até a nível da saúde me martirizava por poder estar melhor. Mas estou bem agora, e cada falhanço será uma oportunidade, cada sucesso um troféu, e cada segundo falhanço uma definição e um rumo de que não é por aí que se irá. Sou mais optimista, melhor para os outros e tenho um mundo de gente que gosta de mim. Juntei os negros e os branquelas dentro de mim. Free At Last!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O karma é uma coisa engraçada.
Se analisarmos personagens populares (exemplo mais flagrante: Tony Soprano) que reconhecemos sentadas/deitadas num divã a falar com um "médico da mente" (vulgo psicólogo), todas as elas são perseguidas pelo que fizeram... na infância. São as memórias traumáticas, que têm SEMPRE associadas a elas causas. Ou seja, por mais disparatado que possa parecer, num dos dias de curiosidade, vir a pôr perfume do pai pode significar um incêndio na padaria à frente da nossa casa.
A mente associa a essas memórias o tacto, os sons, os cheiros e... as visões. Podem vir a acontecer novamente, essas sensações e o sistema de alarme dispara sem razão. Os traumas voltam e a possibilidade da repetição das emoções que víamos com o fumo a sair do sítio onde nos deliciávamos com pasteis de nata enche-nos de ansiedade. Principalmente se não sentirmos o cheiro daquele perfume antigo ou a textura de parede no edifício onde nos encontramos há muito tempo. E é a partir daí que soa o alerta. Contraria-se as emoções e os sintomas corporais que temos, e fica receita para um ataque de pânico a que se junta uma memória enterrada.

O que tem isto a ver com a primeira linha? Todo o efeito tem uma causa, é certo, mas sou céptico em acreditar na ideia de que se voltarmos a pôr o perfume antigo dos nossos pais (ou algo semelhante), haverá uma padaria incendiada e, consequentemente, todo o sentimento de culpa que nos rodeia por algo pelo qual não fomos responsáveis. Assim, a culpa pertence a quem se deixa interiorizar por ela e não mais que isso.

Portanto: se uma padaria arder, é SÓ porque alguém se esqueceu do forno ligado; se te aconteceu aleijares-te a troçar da miséria dos outros... foi SÓ porque não os imitaste bem.
Este é o início da cura ;)

"Now you don't talk so loud"

Estar perante um turbilhão de sentimentos e confusão é desconfortável. Mais ainda se nos sentimos sozinhos e desapoiados, com a sensação que ninguém nos apara a queda que um furacão de ansiedade nos pode causar. Não acontece, mas sofre-se por antecipação e é no olho do tal furacão que nos apercebemos melhor do mundo à nossa volta - ele afastou os amigos, que não se aproximam com medo de ficarem encharcados de negatividade. Pensam já lidar com problemas suficientes e dar, q.b., o braço da preocupação.

 "Fazer o que?" De pereiras, nunca mais vou esperar figos, e a partir de agora só plantarei figueiras... das doces.

sábado, 21 de abril de 2012

"Emerson tem lugar no banco... Jesus também"

(imagem... repetível)


Na véspera do jogo de Alvalade com o Sporting, o jornal Record já falava numa possível demissão de Jesus caso o Benfica não vencesse no terreno dos leões. Começaram aí os rumores da comunicação social sobre a saída do técnico e entraram na cabeça de muitos benfiquistas mais sensíveis os macaquinhos da paranóia. É fácil culpar um treinador em Portugal, então se estivermos a falar do clube mais mediático do país, maior se torna a caça ao homem do banco.
Ora, quem começou isto teve razões para o fazer. A instabilidade de um clube no meio de uma redacção que é contra o mesmo e que de imparcial tem pouco é algo que os enche de alegria. Sabendo eles do risco do jogo, nada tinham a perder em divulgar uma possível ruptura em caso de derrota... que aconteceu, sim, num encontro onde os jogadores não estiveram ao melhor nível e no qual se demonstraram com elevada indisponibilidade física. 
As críticas, naturalmente, surgiram. A comunicação social voltou a ser implacável e da semente que um jornalista do Record plantou, saiu uma árvore carregadinha de azedume para com o treinador encarnado. A instabilidade criou-se, e tudo começou a descambar por falta de memória e conhecimento dos factos.

 De que factos falo eu? Dos 110 milhões que Jesus e respectiva equipa técnica trouxeram para os cofres da Luz directamente da potencialização de jogadores, que passaram a "jogar o dobro" do que aquilo que renderiam em condições normais. David Luiz, Angel Di Maria e, mais escandalosamente, Fábio Coentrão são disso exemplo. Há também o bónus do título em época de estreia, a que se somam 3 taças da liga. Ou seja, gerou-se mais dinheiro e conquistaram-se mais títulos nesta era que os últimos 10 anos combinados. Acrescentem-se, com toda a justiça, as fantásticas campanhas europeias que a equipa protagonizou nestes anos, e temos argumentos de sobra para a continuidade do amadorense nos quadros da luz.
É certo que o orgulho ficou ferido depois de sucessivas derrotas com o Porto (inclusivé no jogo do título do ano passado), e que a perda de 9 pontos para o rival esta época poderão, EVENTUALMENTE, causar a perda de um título... mas há 12 pontos para disputar e 4 (que são 5, ok) de distância. O calendário é muítissimo mais apertado para os lados da invicta (Marítimo nos Barreiros e Sporting no Dragão) e é perfeitamente possível voltar a disputar o campeonato.

Assim, escrevo estas linhas em total solidariedade para com Jesus e seus críticos: com o primeiro, pela implacável comunicação social; pelos segundos por não serem capazes de irem mais fundo do que apresentam as linhas jornalísticas. Como benfiquista, já protestei contra Jesus (inclusivé "publicamente", como podem verificar nos arquivos do blogue) e não gostei do que fez o ano passado e até confesso que não gosto muito dele como pessoa (ainda não vi uma declaração de amor ao clube). Mas não tenho qualquer dúvida de que é o homem certo para continuar com este projecto, que, com ele, virá a ser ainda mais ganhador. Afinal, conhecem-se estruturas, objectivos e aprende-se com os erros. Já para não falar da conjuntura económica na qual o mundo se encontra e da consequente necessidade da maximização do valor de todos os activos, incluindo jogadores... e é aí que Jesus entra.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

"República das bananas"




A moda do "descartável" (a desaparecer, faça-se justiça) parece não ter chegado lá acima, aos que mandam no País.
As giletes de fazer a barba ainda serão as dos tempos dos avós, a carcaça de ontem nunca será desperdiçada e acredito que até as cascas das bananas serão usadas para fazer uma sopa/chá/sumo ou algo do género (soa rídiculo, mas já lá vamos)... é com esta filosofia que, por certo, se encarará o dia-a-dia e será esse o espírito que arrastam para as suas reuniões. Tudo tem de "dar" - a barba pode ficar mal feita e o estômago agonizado, mas a "panela velha é que faz a boa sopa".

Estes modos de viver trazem um grande problema: um dia apanha-se uma infecção com um corte maior quando se faz a barba e ainda se ganha uma úlcera ou um problema intestinal de um pão tão agressivamente mastigado ou de misturas não aconselháveis em nome do poupar. O que fazer então, perante a espada e a parede? Escravizar-se ao dinheiro e às pessoas que exigem bom comportamento económico e aguentar as dores ou submeter-se ao "luxo" do amor ao próprio corpo?

O dilema é real. Há dinheiro, mas não se compram giletes novas nem se desperdiça a comida de ontem. O corpo ainda não reage e pensamos que estamos num bom caminho com este estilo de vida em que se venera a poupança sem sequer considerar o cenário de dores ainda maiores no futuro. Acredita-se que o que não se gasta hoje, é o que trará a prosperidade e a inevja ao vizinho, e que "sopa de banana" é suficiente para manter o corpo activo e em constante não-decrescimento...

...mas ele entrará em decadência. E no nosso país há muitas bananas que não querem servir de sopa e até se sentiriam gratas com compra de novas no mercado. Não estão podres, mas há mais a amadurecer nas prateleiras e que podem trazer melhores proveitos e aumentar o rácio do PIB do nosso corpo. Dele saem ideias e a partir destas, a nova forma de pagar ao merceeiro os caviares que outrora comprámos e nunca pagámos.

Resumindo, e trazendo-vos da twilight zona para a realidade: Aumentar a idade (mínima e máxima) da reforma dos trabalhadores não trará nada de bom para o país - os centros de emprego irão ficar mais cheios de gente nova que um metro em hora de ponta na China, as ideias sairão das mesmas mentes brilhantes que nos ajudaram a pôr onde estamos e... o preço a pagar é o mesmo, já que os custos com as reformas seriam iguais ou superiores àqueles que se pagarão no futuro e, da maneira que se vai acumulando a carga de desincentivos ao crescimento, não haverá mais dinheiro para compensar as... bananas descascadas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

"Off with the head!"


Entre a espada e a parede tento respirar mas ninguém me ajuda. É a responsabilidade e a falha moral para quem tanto me deu que escorre pelas minhas veias. A ingratidão, a impossibilidade de retribuir os gestos de carinho, bloqueados pelo orgulho. Gente que daria o três tostões mais a própria dignidade para me defender a ser alvo da fraude moral e emocional a que não sou alheio - antes principal responsável. Quanto mais fujo dessa ideia, mais ela me persegue e me procura esmagar como um insecto indefeso num reino de elefantes. Vivo no medo da confrontação, sustentado por um orgulho que não chega para as necessidades básicas. Tal e qual um subsídio insuficiente que não me governa a mim, quanto mais aos que me rodeiam! Em hibernação, defendo-me dos demais que vingança procuram e não se livram do orgulho para se escudarem da sua própria compreensão.
As discussões, os insultos... os motins! O horror da perseguição.
Escondido, os elefantes esquecem-se da minha existência. Encontram a paz nestes assuntos e passam-me o certificado de insano para continuarem a poder olhar-me nos olhos.

E segue assim, conformada, a minha frágil teia de relações.

"Barulho das luzes"


Caminho em direcção de um objectivo com a segurança do atalho. Tento enfrentar, sigo... mas ele bate à porta. A confusão, o ruído, o barulho das luzes e tudo o que com ele vêm, um grito maior, uma luz mais intensa, o cérebro a borbulhar e a dar sinal da existência e do confronto, o coração acelera e ganha força no meu peito, as arritmias tomam conta de mim, juntamente com as impressões de dores que não existem, a boca seca, a falta de ar, o cruzamento com o pânico e a sensação claustrofóbica da impossibilidade da fuga, o medo da vergonha e do que quem me rodeia no momento possa pensar. As folgas à responsabilidade, o choque com a realidade, a descarga de adrenalina que se apodera de mim... impossível racionalizar com estes sintomas, com este barulho, com esta sensação claustrofóbica do perigo que nunca vem... nunca veio.

Pergunto-me se passará quando ele chegar e eu ver que, afinal, a montanha pare um rato.

""


Um grito de revolta, um suspiro de conformismo, uma lágrima pelas limitações que os demónios me impõem. Luto, com medo de os enfrentar e tenho vergonha de os assumir. Repercute-se no meu redor e nas vivências, exclui-me do lado bom da vida. Mas prevaleço, sabendo que o problema está em mim e que sou eu o progenitor de tais limitações. Os demónios fazem parte de mim, e esses filhos bastardos têm de morrer. Tenho de seguir em frente e mandar um a um para a valeta, combalidos. Ver morrer o que é parte de mim, custa mas tem de ser feito.
Imagino a vida sem eles e não é a mesma coisa... é melhor. Sorri-me, sem limitações e abre-se na panóplia de oportunidades prometidas que vinham no pacote inicial.
Desde que me conforme com a ideia de deixar o pânico, o medo, o pessimismo, tê-las-ei.